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Angola Fala Só: Há um fosso grande entre o que se diz e o que se vive, oposição no Namibe


À esquerda, Ricardo Tuyula, Secretário Provincial da UNITA, ao centro, moderador João Santa Rita, à direita,Sampaio Mucanda, Secretário Provincial da CASA-CE
À esquerda, Ricardo Tuyula, Secretário Provincial da UNITA, ao centro, moderador João Santa Rita, à direita,Sampaio Mucanda, Secretário Provincial da CASA-CE
6 Jun 2014 AFS - Há um fosso grande entre o que se diz e o que se vive, oposição no Namibe
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O governo de Angola restringe as actividades da oposição através de um controlo total dos meios de informação e do uso de recursos nacionais para o partido no poder, disseram dirigentes da oposição no Namibe.

Falando no programa Angola Fala Só, gravado na cidade do Namibe, os secretários provinciais da Casa CE Sampaio Mucanda e da UNITA Ricardo Tuyula sublinharam também a necessidade da oposição cooperar para identificar problemas e pressionar as autoridades para os resolver.

Para Mucanda em Angola “há um fosso grande entre o que se diz e o que se vive”, fazendo notar que nas instituições públicas há a “mobilização coerciva” dos funcionários para apoiarem o partido no poder.

Para além disso, afirmou, “ nos municípios os militantes da oposição são ameaçados”.

“Não há abertura . Nós realizamos conferências de imprensa e não se publicada nada,” disse Mucanda para quem o debate em que participou deveria ser a radio nacional a fazê-lo, “não devia ser a Voz da América”.

“Não há cultura de democracia e portanto não há abertura,” disse o dirigente provincial da CASA CE.

Ricardo Tuyula da UNITA disse que o governo não dá espaço aos partidos da oposição.

“Diz nos para fazermos uma corrida sem sapatos e depois levam-nos para um campo cheio de picos,” disse Tuyula que acusou o governo de fazer “batota” na politica com a oposição.

“O governo faz uso dos meios do governo para beneficiar o MPLA,” disse.

Para o representante da UNITA o actual governo de Angola “não está em condições de ser um governo que garanta a verdadeira reconciliação porque tudo está partidarizado”.

“Não é possível pensarmos em reconciliação e não podemos pensar em despartidarização enquanto o líder da nação está partidarizado,” disse Ricardo Tuyula.

“Se o presidente da república é também o dirigente do MPLA todo o dinheiro é empurrado para beneficiar o MPLA,” disse

Foi apoiado nesta sua posição pelo seu colega da CASA CE que afirmou que “ o governo deve colocar acima de tudo os interesses da nação”.

“As pessoas devem ser promovidas em função das suas competências não em função do cartão do partido onde militam,” acrescentou.

Mucanda disse que o problema se deve parcialmente ao facto do MPLA estar no poder há demasiado tempo.

“Partidos que ficam no poder demasiado tempo ficam cínicos e surdos e vêm os problemas de ânimo leve,” disse.

Tanto o representante da CASA CE como da UNITA disseram não ter problemas com o governador da província mas Ricardo Tuyula disse ter “dificuldades em acreditar no que diz” devido ao facto de ele ocupar duas posições ao mesmo tempo que podem ser contraditórias, nomeadamente a de governador e a de dirigente local do partido no poder

“Como dirigente do MPLA vai ter que em certas ocasiões contradizer o que diz como governador,” afirmou.

Mucanda reconheceu “os esforços da administração da cidade” acrescentando que na província “nota-se a construção de escolas, pontes e estradas, a construção de hospitais”.

Contudo, disse, “ o desenvolvimento do betão não significa o bem estar das pessoas” fazendo notar ainda a falta de medicamentos nos hospitais e a “má qualidade do ensino”.

O representante da CASA disse que as relações com o governo local “não são salutares” devido á falta e diálogo.

O Conselho de Auscultação e Concertação Social não serve os propósitos para que foi criado porque “tudo já vem cozinhado”.

“Pouco ou nada se discute e se se discute é só para passar tempo pois tudo já foi decidido,” acrescentou.

Vários veteranos de guerra de todas as formações militares envolvidas na guerra estiveram presentes ao debate e queixaram-se amargamente da falta de resolução do problemas das pensões de reforma.

Um antigo comandante da FNLA disse que nunca recebeu “um só Kwanza” desde 1992 e outros queixaram-se de ter que dormir “ao relento”.

Todos disseram ter sido recebidos pelo governador mas nas palavras de um deles “ “as instituições não acompanham”.

Para o secretário provincial da UNITA isso deve-se ao facto de haver uma centralização de poder que impede a resolução dos problemas

“É incrível o que se passa com os veteranos,” disse Tuyula para quem “ o regime está habituado a alimentar-nos com promessas”.

Tanto o dirigente provincial da UNITA como o da CASA CE referiram-se ao problema da corrupção

Para o dirigente da UNITA para se resolver esta questão há que começar por responder a uma pergunta:

“Quem é o primeiro corrupto?”


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