A mudança de líder no MPLA é “um acontecimento histórico” que, contudo, vai ter que ser gerido com cuidado, defendeu o jornalista e jurista angolano Carlos Veiga.
Ao participar no programa “Angola Fala Só”, Veiga disse que “é sempre boa noticia quando um partido no poder muda de liderança”.
Com isto há a possibilidade de se introduzir “ideias diferentes” e “personalidades diferentes”, adiantou Veiga, quem rejeitou a ideia de que a mudança no MPLA nada significa porque João Lourenço faz parte do sistema construído.
“Não é continuidade, é mudança”, disse o jornalista, acrescentando ser “preciso acreditarmos na mudança dos homens”.
Para Veiga o poder de João Lourenço significará “um país mais aberto”, mas o analista fez notar que no MPLA João Lourenço “vai ter que transformar o comportamento de muitos membros do MPLA”.
“João Lourenço é uma intrusão no comportamento de certas pessoas”, acrescentou Carlos Veiga, para quem o Presidente “só assusta a quem não está dentro da lei”.
No capítulo das mudanças, ele considera que o MPLA terá que introduzir mudanças com cuidado porque, alerta, “se o processo não for bem gerido poderá provocar uma guerra intestina”, já que ainda vai governar “com a sombra de José Eduardo dos Santos a pairar”.
“Há muita gente (dentro do MPLA) que gosta do Eduardo dos Santos”, lembrou Carlos Veiga, considerando que a “bicefalia estava a inibir a governação de João Lourenço”.
O jornalista e jurista é de opinião que o Presidente deveria seja capaz de nomear pessoas que não sejam do partido.
“É importante que José Eduardo dos Santos apareça a dizer o que pensa sobre as acções de João Lourenço”, sublinha.
Questionado sobre a questão de Cabinda, Carlos Veiga defendeu ser importante “dialogar sempre”.