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Angola: Começa a luta pelos lugares nas listas dos partidos


Protesto por eleições transparentes (Foto de Arquivo)
Protesto por eleições transparentes (Foto de Arquivo)

Analistas dizem que começou a corrida para "bom emprego" no Parlamento

Como acontece em todos os anos eleitorais em Angola, por esta altura, têm lugar as habituais lutas dos cidadãos para obter um lugar nas listas dos partidos políticos, para entrar no parlamento angolano.

Muitos abandonam inclusive as suas as profissões, para terem acesso à Assembleia Nacional que alguns analistas consideram um emprego de luxo e passaporte para conseguir sucesso na vida.

Corrida às listas partidárias para bom emprego no parlamento -2:05
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Analistas falaram com VOA sobre as motivações destas lutas que algumas vezes são “mortais”.

No actual ordenamento jurídico, são 220 lugares em disputa por sufrágio universal, livre, distribuídos em 130 lugares eleitos por prestação proporcional em círculo nacional único e 90 por círculos eleitorais provinciais, ou seja cinco deputados por cada uma das 18 províncias do país.

Em cada uma das modalidades, o candidato deve estar numa lista sob a responsabilidade de um partido ou coligação de partidos reconhecido pelo Tribunal Constitucional.

O jurista Pedro Caparakata entende que o único motivo que move o cidadão em Angola a ir para o Parlamento são os bens materiais.

"São mais mercenários que outra coisa, dependem única e simplesmente do dinheiro que almejam ou ganham enquanto deputados, mostra-lhes o dinheiro e vão a correr imediatamente, o que realmente importa é o dinheiro, os carros e a impunidade assegurada, nenhuma outra profissão em Angola dá tanto a singrar ao cidadão como ir ao Parlamento ou outra actividade do partido”, acusa o jurista para quem “se se decidisse pelo regresso à antiga Assembleia dos povo onde a função do deputado não era remunerada, todos os
deputados hoje saltariam, em 24 horas, não teríamos parlamento por falta de deputados”.

O sociólogo e professor universitário Lukombo Nza Tuzola explica o motivo das lutas para se ter um lugar na lista dos partidos políticos.

"Ao entrar no Parlamento, o indivíduo habilitam-se automaticamente a várias benesses tais como carros de luxo, casa gratuita, no condomínio, passaporte diplomático, carro de apoio à casa, carro de apoio a namorada então não há como todo mundo não lutar para entrar numa lista qualquer de acesso ao parlamento, há inclusive lutas mortais para constar na lista dos partidos, para entrar lá", sustenta.

Ele também diz que "alguns deputados durante um mandato nem sequer levantam a mão, entram mudo e saem calados, já que apanharam boleia nas listas dos partidos, o eleitor nem se quer o conhece e ele o eleito nem vai ao encontro do seu eleitorado, ainda se escondem em carros de vidros fumados, para não serem vistos".

Por seu lado, o jornalista William Tonet defende uma mudança profunda no país em relação à forma como os deputados vão lá parar.

"Quando a população geme, tem alguma situação crítica, nunca ouve ou vê o deputado, o facto dos deputados não fazerem campanha junto à população para serem eleitos é uma das razões dos problemas que vivemos, uma autêntica pobreza para a nossa política, penso que há que refazer este país", diz Tonet.

Na legislatura que termina em Agosto, o MPLA tem 150 lugares, a UNITA 51, CASA-CE 16, dos quais oito se tornaram independentes, PRS dois e FNLA um.

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