A contratação de médicos especialistas cubanos por parte do Governo de Angola num valor próximo dos 80 milhões de dólares está a provocar reações no país.
Organizações sociais de profissionais da saúde criticam a decisão e denunciam a discrepância entre os salários de médicos nacionais e angolanos.
O despacho do Presidente João Lourenço, de 29 de maio, que autorizou a contratação, diz que a medida visa assegurar assistência médica às populações e formar profissionais nacionais, sem qualquer referência ao combate à pandemia da Covid-19.
Em comunicado, o Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (Sinmea), considera que a classe médica está desvalorizada quando se compara o salário dos profissionais angolanos e o dos médicos cubanos, de 5.000 dólares”.
Em média, o salário mensal de um médico nacional ronda os 500 dólares.
Quem se junta também às criticas é o Sindicato dos Enfermeiros de Angola, na voz do seu secretário-geral.
“Não se justifica porque temos muitos médicos que se formaram em Cuba e que podem dar treinamento aos médicos formados em Angola”, diz Afonso Kileba, que sublinha a diferença abismal de salários entre as duas classes, “apesar de o trabalho ser igual ou ainda mais pesado para o médico angolano".
A VOA contatou a bastonária da Ordem dos Médicos de Angola, Elisa Rangel, que prometeu pronunciar-se a qualquer momento.