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Amnistia Internacional realça movimento de mulheres e perseguição de "rapazes durões"


Marielle Franco, vereadora brasileira assassinada
Marielle Franco, vereadora brasileira assassinada

Documento fala em esperança para Angola e aumento do clima do medo em Moçambique

Mulheres activistas mulheres em todo o mundo estiveram na vanguarda da defesa dos direitos humanos em 2018, revela a Amnistia Internacional (AI) numa revisão que fez dos direitos humanos no mundo.

A organização não governamental de defesa dos direitos humanos alerta, no documento, para acções de “rapazes durões” que promovem políticas misóginas, xenófobas e homofóbicas, colocando em causa liberdades e direitos que foram conquistados há muito tempo.

“Em 2018, testemunhamos muitos desses líderes autoproclamados de 'rapazes durões' a tentarem minar o próprio princípio da igualdade, o alicerce da humanidade direito dos direitos. Eles acham que as suas políticas fazem deles fortes, mas não são mais do que tácticas de intimidação que tentam demonizar e perseguir comunidades marginalizadas e vulneráveis ”, escreve Kumi Naidoo, secretário-general da AI.

Aquele responsável, no entanto, diz que “são as mulheres activistas que ofereceram a visão mais poderosa do ano de como lutar contra esses líderes repressivos ”.

O crescente poder das vozes das mulheres não deve ser subestimado, na óptica da AI, lembrando que “as mulheres activistas dominaram os principais jornais em matéria de direitos humanos”.

Lutas nas ruas

Kumi Naidoo lembra que grupos de mulheres se têm destacado na América Latina, na Índia e na África do Sul,nas ruas em protestos contra a violência sexual.

“Na Arábia Saudita e no Irão mulheres activistas arriscaram a prisão para resistir à proibição de dirigir e forçaram o fim do hijab (véu), diz a AI, lembrando que na Argentina, Irlanda e Polónia elas saíram às ruas para pedir o fim da criminalização do aborto”.

A nota aponta para um crescente número de políticas e leis destinadas a subjugar e controlar as mulheres, especialmente em torno de relações sexuais e reprodutivas.

Entre vários outros casos, a AI cita o assassinato da vereadora brasileira Marielle Franco, que lutou sem medo pelos direitos humanos.

Angola e Moçambique

Numa breve análise da situação dos direitos humanos por regiões, a AI diz que, apesar de alguns progressos, a África Subsariana continua a enfrentar uma repressão brutal da oposição do parte dos governos, que também perseguem aqueles que defendem os direitos humanos.

“Do Níger à Serra Leoa, do Uganda à Zâmbia, os governos usaram tácticas repressivas para silenciar defensores dos direitos, meios de comunicação, manifestantes e outras vozes dissidentes.

Angola e Etiópia “dão sinais de esperanças, como resultado da mudança de líderes”, destaca a organização.

“Em meio a passos sem precedentes para combater a corrupção endémica em Angola (…), defensores dos direitos humanos viram sinais encorajadores de que eles serão protegidos. Entre esses casos se destacam as absolvições dos proeminentes jornalistas Rafael Marques de Morais e Mariano Brás”, escreve a AI que, no entanto, assinala que “não houve passos para investigar o passado de abusos de direitos humanos pelas forças de segurança”.

Moçambique, entretanto, é nota pela negativa, devido à imposição de taxas aos jornalistas, o que a AI classifica como “um tentativa de reprimir a imprensa independente”.

O caso da do sequestro e agressão do jornalista Ericino de Salema é citado como tendo “contribuído para o aumento de um clima de medo”.

“A melhor notícia de todas, no entanto, é a extraordinária bravura exibida por pessoas comuns em toda a África, incluindo corajosas mulheres defensoras dos direitos humanos, que dão cara à resiliência em face à repressão”, diz a AI.

No continente americano, 2018 trouxe um ambiente regressivo contra os direitos humanos, com assassinatos de defensores do meio ambiente e líderes sociais, nomeadamente na Colômbia.

A AI alerta para “o surgimento de líderes com uma retórica exgrema contra os direitos humanos, como o presidente eleito do Brasil,

A separação de famílias nos Estados Unidos e a repressão na Venezuela também são destaque no relatório.

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