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Amílcar Cabral-50 anos da morte: Para guineenses "sonho continua a ser uma miragem"


Amílcar Cabral
Amílcar Cabral

Antiga combatente diz que só a independência do país foi conseguida e que há muito por fazer

O Dia dos Heróis Nacionais e dos Combatentes da Liberdada da Pátria assinalado nesta sexta-feira, 20, na Guiné-Bissau marca também os 50 anos da morte do líder da luta pela independência do país, Amílcar Cabral, a 20 de Janeiro de 1973, em Conacri.

O Presidente da República participou na cerimónia de deposição da coroa de flores na Fortaleza de Amura, em Bissau, e o dia foi marcado com algumas conferências nas universidades.

Combatentes da liberdade da pátria dizem que, apesar de todo esse tempo, o sonho de Cabral continua a ser uma miragem.

Nhaga Mané, uma das poucas combatentes vivas que esteve nas matas da Guiné-Bissau, disse à VOA que gostaria de lembrar o dia dos heróis nacionais com respeito, honra e memória de Amílcar Cabral.

"Não é como nos últimos anos em que esta data é celebrada um pouco triste, porque vejo que a sociedade guineense está dividida, enquanto nós podíamos estar todos juntos e promover a alegria", afirmou Mané ao participar num evento em Bissau.

Cinquenta anos depois, ano em que o país também completa meio século da sua independência, Nhaga Mané, sente que o sonho de Cabral e dos heróis de luta não foi realizado.

"A única coisa que podemos dizer que foi realizada, na verdade, é a nossa independência", concluiu a antiga combatente.

Para o historiador e professor universitário, Magnusson da Costa, o dia de hoje não deve ser lembrado apenas como a data do assassinato de Amílcar Cabral, mas sim, do seu impacto negativo na construção dos Estados da Guiné e de Cabo Verde:

"Cabral continua a ser o nosso ponto de encontro em cada perda e em cada fuga do nosso percurso. Morte de Cabral representa, para nós, um corte grave na nossa linha do tempo e estamos a tentar adaptar e talvez ressignificar a nossa narrativa. Mas, Cabral ainda continua a ser o nosso principal horizonte na construção da nação e do Estado que ainda estamos a aspirar", disse.

Aquele historiador aponta que a Guiné-Bissau não é o país que Amílcar Cabral, sobretudo quando se fala dos valores da liberdade.

"O que ele conquistou em 1973, a liberdade, o seu princípio máximo da liberdade, hoje na Guiné essa liberdade está muito ofuscada, essa liberdade está quase perdida. Estamos ainda a tentar montar blocos para lutar de novo com vista a conquistar a liberdade. Digo a liberdade do guineense poder falar na Guiné-Bissau, do guineense poder organizar, protestar, talvez discordar e movimentar em prol da sua dignidade. Isso perdemos)", afirmou Magnusson da Costa.

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