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AI acusa Governo moçambicano de violar direitos humanos de 16 estrangeiros detidos há 18 meses


Cidade de Pemba, Cabo Delgado
Cidade de Pemba, Cabo Delgado

As autoridades moçambicanas mantêm na prisão 16 refugiados e requerentes de asilo de países africanos, em condições desumanas, há 18 meses, sem que estes tenham cometido qualquer crime, denuncia a Amnistia Internacional (AI) em comunicado divulgado neste sábado, 20.

A organização de defesa dos direitos humanos afirma que "a detenção arbitrária prolongada destas pessoas é uma violação dos direitos humanos e representa uma ameaça às suas vidas no contexto da Covid-19".

“No Dia Mundial do Refugiado, a Amnistia Internacional lembra que o grupo foi detido arbitrariamente a 17 de janeiro de 2019, depois de ter sido algemado e alegadamente espancado por polícias e agentes de imigração, no campo de refugiados de Maratane, na província de Nampula”, continua a AI, cuja vice-diretora para África Austral, Muleya Mwananyanda, considera que a “maior tragédia da detenção arbitrária desses refugiados” é o fato de que 18 meses após a detenção “eles desconhecem os motivos da sua detenção contínua, e as acusações que recaem sobre eles”.

"O tratamento deles é abominável e as autoridades devem reconhecer esse problema, dar soluções e garantir que o sistema de justiça criminal funcione em relação a essas pessoas marginalizadas", reforça Mwananyanda.

Para a AI, "o Governo moçambicano deve dar por finda imediata e incondicionalmente a detenção arbitrária desses refugiados e libertá-los sem demora ou acusá-los de crimes reconhecidos internacionalmente se chegaram a cometer algum crime”.

Ainda de acordo com o comunicado, os refugiados foram mantidos em condições desumanas, sem casa-de-banho na cela e sem acesso a água potável, o que significa que são forçados a beber água impura.

“Eles também não têm acesso a porções alimentares suficientes, não têm colchões e dormem sobre pedaços de papel no chão”, acrecenta a AI.

A detenção

O grupo, integrado por 15 cidadãos da República Democrática do Congo (RDC) e um etíope, foi preso a 17 de janeiro de 2019 e dois dias depois foi transferido para a esquadra da polícia em Pemba, na província de Cabo Delgado.

Uma tentativa de deportação de sete cidadãos congoleses para a RDC falhou, de acordo com a AI.

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