Os advogados Arlindo Guilamba e Rodrigo Rocha acreditam que a polícia moçambicana está na posse de elementos que podem levar aos mandantes de raptos.
A reação surge na sequência do resgate pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic), nesta quarta-feira, 20, dos empresários Ridwan Adatia e Manish Cantilal, em Maputo.
Rocha diz “pela forma verde como chegaram aos locais, existe grande possibilidade de conseguir chegar aos reais mandantes e as reais pessoas que estão a lucrar pelo menos com estes dois raptos”.
Para Guilamba, “o trabalho perfeito feito pela polícia em relação ao regaste”, pode ajudar a compreender os contornos deste tipo de crime.
“Ficam-nos as dúvidas sobre como é que está teia está constituída; nos parece que há aqui um trabalho muito grande para perceber a teia e perceber como desmantelar para que não volte a acontecer,” disse o advogado.
Ridwan Adatia, de origem indiana, havia sido raptado há três semanas; e o moçambicano Manish Cantilal estava nas mãos de malfeitores há mais de três meses.
Em ambos casos, disse a Sernic, os raptores exigiam milhares de dólares.
“Uma fonte da família revelou que logo depois do rapto [de Rizwan Adiatia], na semana seguinte, houve uma exigência de cinco milhões de dólares,”, disse a diretora do Sernic em Maputo, Benjamina Chaves.
Tortura
Perante a resistência da família, disse Chaves, os raptores foram baixando o valor “e até ontem (19) eles já precisavam de trezentos mil dólares, porque queriam se livrar da vítima”.
Na negociação do resgate, as duas vítimas foram alvo de tortura dos raptores, que apontaram nomes de alegados mandantes.
“Eles dizem que é este ou aquele fulano que está envolvido (no rapto), só não posso estar aqui a dizer, mas dizem mesmo (...) no final do dia acabam por prejudicar o Governo, enquanto não tem nada a ver com isso,” disse Cantilal.
Na operação de hoje, a polícia deteve, pelo menos, três indivíduos – dois homens e uma mulher - suspeitos de fazer parte da rede de raptores.
Chaves disse que nestes crimes estão envolvidos cidadãos foragidos na África do Sul. “Continuamos a interagir com a nossa congénere sul-africana no sentido de localizar as pessoas que estamos à procura”.
O rapto de empresários ou seus familiares é recorrente em Moçambique. Este ano, pelo menos, foram registados cinco casos, em Maputo, Sofala e Manica.