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Acidentes rodoviários em Angola continuam a matar


Instrutores pedem penas pesadas aos infratores, autoridades defendem a introdução no ensino primário de matérias ligadas à segurança rodoviária.

Dados recentes dão conta que só na capital angolana 441 pessoas morreram e 1.873 acabaram feridas de um total de 1.686 acidentes de viação registados no primeiro semestre de 2023.

Na Huíla, 70 pessoas morreram entre Janeiro e Outubro como consequência de 500 acidentes de viação.

O excesso de velocidade, falta de precaução dos peões na travessia, a não cedência de prioridade de passagem, mau estado técnico dos veículos, condução em estado de embriaguez, deficiente iluminação pública e mau estado das vias estão entre as conhecidas causas dos acidentes de viação.

Apesar dessas causas serem conhecidas e identificadas há muito, continua-se à esperar de soluções para travar o cortejo de mortes nas estradas.

O instrutor e diretor de uma escola de condução no Lubango, Chambala Eurico Caita, defende a aplicação de medidas duras como a responsabilização criminal, cassação da carta de condução e proibição de conduzir durante algum tempo aos infractores que tenham violado gravemente o código de estrada.

“O condutor deve, se possível, para além do respeito ter mesmo medo, se eu fizer isso deixarei de conduzir. Indivíduos que têm mesmo a carta de condução como o seu ganha-pão logo vão procurar redobrar a atenção. É só publicitar que dez indivíduos viram caçadas as cartas por excesso de velocidade”, propõe Caita.

O especialista em trânsito rodoviário Estêvão Pedro olha com preocupação para as violações que se verificam no dia-a-dia para alertar que há práticas que precisam de mudar.

“Isto está a contagiar quase toda a gente, os condutores param mesmo mal param os veículos em lugares não apropriados e aliás não só paragem como início da marcha. Refiro-me concretamente aos nossos condutores dos autocarros públicos, infelizmente eles não têm noção do perigo que têm causado quando pretendem iniciar a marcha”, exemplifica Pedro.

Muitos acidentes de viação são atribuídos aos mototaxistas, muitos deles sem preparação para se fazerem na estrada.

O delegado da Associação dos Mototaxistas e Transportadores de Angola (Amotrang) na Huíla, Alberto Daniel, defende um trabalho de formação contínua dos associados sobre as regras do trânsito em parceria com as autoridades para mitigar a situação.

“Não estamos parados naquilo que é a nossa abordagem, a nossa sensibilização e mobilização com os mototaxistas”, reitera Daniel.

Para a Polícia Nacional, não é por falta de punição que os acidentes continuam.

O diretor provincial do Departamento de Trânsito e Segurança Rodoviária diz que o elevado número de acidentes é uma grande preocupação por isso "está-se a discutir a inserção no ensino escolar sobretudo no nível pré-escolar da matéria de legislação", porque "a desinformação, o desconhecimento também estão na base desses acidentes, sobretudo dos atropelamentos".

Especialistas em trânsito rodoviário também têm sugerido a responsabilização das entidades que velam pela condição das vias, muitas delas em mau estado e que estão na origem de muitos acidentes de viação.

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