A Amnistia Internacional (AI) alertou que a fome não deve ser usada para campanhas politicas, num comunicado divulgado nesta quarta-feira, 6, em que denuncia sinais de que a ajuda aos mais carenciados em Angola está a ser feita com base em critérios partidários.
Na nota assinado pelo diretor para a África Austral, Deprose Muchena, a organização de defesa de direitos humanos revela que grupos da sociedade civil manifestaram preocupações sobre a falta de transparência na distribuição de alimentos, nomeadamente em Benguela, Luanda e no sul do país, região afetada por longos anos de seca.
"A distribuição de ajuda alimentar segundo as linhas partidárias é completamente inaceitável e está a minar as medidas de proteção que os governos se comprometeram a aplicar para defender o direito de todos à alimentação”, sublinhou Muchena.
O Governo aprovou um programa de 420 milhões de dólares de ajuda aos mais vulneráveis, mas a AI cita casos de “famílias nas províncias de Luanda e Benguela que se queixaram de não terem sido informadas sobre quem se qualificava para receber a ajuda alimentar e de como é que o Governo decidiu sobre quem iria receber ajuda”.
“A distribuição alimentar não alcançou algumas famílias consideradas em grande necessidade de ajuda nasprovíncias do sul do pais, que tem sofrido anos de seca e apropriação de terras de comunidades pastoris”, continua Deprose Muchena.
A AI acrescenta ainda ter levantado preocupações sobre a falta de ajuda do Governo ao povo San, na provincia do Cuando Cubango,mas garante que “essas comuidades não receberam qualquer ajuda até hoje”.
“A fome não deve ser utilizada para campanhas políticas. Qualquer pessoa que não disponha de meios de subsistência deve ser alimentada, independentemente da sua filiação política”, conclui o diretor da AI para a África Austral, que também cita situações idênticas no Zimbabwe e na África do Sul.