Enquanto decorre em Jacarta uma reunião entre destacados funcionários de países africanos e asiáticos, a Indonésia prepara-se para a abertura na sexta-feira da Cimeira Asiático-Africana, onde vão estar presentes lideres de 46 países.
Entre esses lideres estarão o primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, e o presidente chinês, Hu Jintao, cujos países estão envolvidos numa séria disputa após três semanas de violentas manifestações antijaponesas na China.
A contenda entre os dois países foi desencadeada pela aprovação no Japão de livros escolares que a China afirma passarem um pano sobre as atrocidades cometidas por tropas japonesas em território chinês durante a segunda guerra mundial. Manifestantes chineses têm-se também demonstrado contra a pretensão do Japão de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Leo Suryadinata, um analista político do Instituto de Estudos do Sudeste Asiático, em Singapura, afirma que Tóquio e Pequim deverão manter conversações na Cimeira Asiatico-Africana, mas é improvável que venha a haver desenvolvimentos substanciais.
“Ambas as partes estão agora com bastante vontade, penso eu, de falarem sobre esses assuntos, mas parece-me que se elas quiserem chegar a um acordo, precisam fazer alguns compromissos ... sem compromissos e por isso julgo que não vão conseguir grande coisa.”
O secretario-geral da ONU, Kofi Annan, fará o discurso de abertura da cimeira, onde irá apelar ao Japão e a China para usarem a conferencia para resolverem as suas diferenças.
Outros assuntos contenciosos asiáticos incluem o registo de direitos humanos da Birmânia e o programa nuclear da Coreia do Norte.
Mas o porta-voz presidencial indonésio Dino Djalal afirmou que a Indonésia e o outro anfitrião da cimeira, a África do Sul, esperam que a cimeira deste ano contribua para a África e a Ásia fazerem pactos de comercio e de amizade.
“Através do Oceano Pacifico temos a APEC e a ARF que reúnem os países da região. No Oceano Atlântico existem as alianças entre a Europa e a América do Norte e também outras formas de cooperação, mas no Oceano Indico não ha nada que junte a Ásia a África e a cimeira é uma oportunidade estratégica para juntar os dois continentes.”
Nos últimos anos tem-se assistido a um aumento do comércio entre a Ásia e a África e países ricos em petróleo como a Nigéria, Angola e Argélia concerteza que vão ser cortejados por governos asiáticos durante a cimeira.
A cimeira deste ano comemora também o quinquagésimo aniversario da Conferencia de Bandung, na Indonésia, em 1955, onde lideres asiáticos e africanos reuniram-se para colocarem uma pedra sobre o seu passado colonial.
“A conferencia Asia-Africa foi a primeira movimentação diplomática a significar solidariedade entre os povos da Ásia e da África e disso emergiram uma serie de diplomacias colectivas tais como o Movimento dos Nao-Alinhados.”
Mas alguns analistas expressam duvidas sobre a capacidade da cimeira de endereçar assuntos que preocupam ambos os continentes, tais como a epidemia da SIDA e os esforços para a redução da pobreza.