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Malária em África


Especialistas em malária admitiram ontem que os obstáculos à redução do impacto daquela doença em África, tem mais a haver com questões financeiras do que com aspectos técnicos.

Para o efeito, os especialistas evocam os avanços conseguidos no combate do vírus responsável pela doença, que poderá reduzir de forma drástica a incidência da malária, se mais fundos forem disponibilizados as iniciativas em curso.

Responsáveis pelos grupos que combatem a malária estiveram no Congresso americano para um briefing aos legisladores, versando os avanços médicos e tecnológicos conseguidos, nomeadamente a descoberta da vacina, no combate da doença.

Numa acção concertada, os especialistas apelaram a um maior envolvimento dos Estados Unidos na campanha global contra o vírus causador da malária.

O responsável pelo Fundo Global da Luta contra a Sida, Tuberculose e a Malária, Richard Feachmen disse aos legisladores americanos que a doença continua injustificávelmente a alastrar-se em África.

De acordo com Feachmen, a grande maioria das três milhões de pessoas que morrem anualmente da doença em África, são crianças.

“Isso é um completo mas injustificável holocausto infantil. A malária é hoje a principal causa da mortalidade infantil em África. E isso prevenivel, tudo isso não devia estar a acontecer.” - frisou Feachmen

Richard Feachemen realçou ainda o impacto das tecnologias no combate da malária, de entre as quais destaca-se a nova rede-mosquiteiro, recentemente desenvolvida pelo Japão, pulverizada de pesticidas de longa duração, os novos insecticidas, as técnicas de diagnósticos mais céleres, a nova combinação de terapias, usando ervas medicinais chinesas, para alem das novas técnicas de tratamento destinadas às mulheres gravidas.

Para Feachmen “onde estas intervenções tiveram lugar, registou-se o colapso da malária, em larga escala”.

Um bom exemplo são os cem quilómetros quadrados de uma área, que abrange a África do Sul, Moçambique, a Suazilandia, onde por sinal iniciativas conjuntas levadas a cabo pelas três nações, resultaram na redução da taxa de incidência da malária dos 64 por cento para menos de oito por cento em 1999.

Uma outra promessa das novas tecnologias no combate da doença é a vacina desenvolvida pela empresa farmacêutica, a Glaxo Smith Kline.

Testada no ano passado, a vacina em questão conseguiu prevenir a doença em pelo menos 30 por cento das crianças moçambicanas inoculadas e reduziu a sua incidência em 60 por cento.

Os números são concerteza menores do que os resultados conseguidos pelas vacinas, concebidas para outras doenças. Mas de qualquer forma bem mais encorajadoras do que o simples recurso às redes-mosquiteiros e insecticidas no combate da malária.

A empresa Glaxo Smith Kline planeia tornar mais extensivo os testes com a vacina, em cooperação com a Iniciativa Vacina contra a Malária, um grupo liderado por Melinda Moore, que defende que a ciência deixou de ser o principal impedimento do progresso no combate da doença.

“Hoje o dinheiro, muito mais do que a ciência é o principal obstáculo a nossa capacidade de progresso nessas aéreas. Precisamos aproveitar esta oportunidade e fazer das grandes descobertas cientificas, um produto real que pode fazer a diferença na vida das crianças” - defendeu Moore

Esta activista vai mais além e relembra entretanto que a malária está na escala de prioridade dos Estados Unidos bem abaixo na Sida e o bioterrorismo.

O director do Fundo Global da Luta Contra a Sida, a Tuberculose e a Malária , Richard Feachmen é da opinião que a malária tem sido alvo de uma atenção mundial como nunca antes visto, ao ponto de ter sido tema de debate no recente Forum Economico, em Davos na Suíça.

Freachmen espera por conseguinte que a agencia de que é responsável venha a despender muito mais ainda com a malária, depois da próxima ronda negocial com os doadores a ter lugar em finais do ano em curso.

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