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Zhao Ziyang apareceu pela ultima vez em publico a 19 de Maio de 1989 - 2005-01-17


Zhao Ziyang apareceu pela ultima vez em publico a 19 de Maio de 1989, no dia em que fez uma visita surpresa aos estudantes que se manifestavam na Praça de Tiananmen, fazendo um apelo emocional para que abandonassem o protesto e regressarem a casa a fim de evitarem ser esmagados pelas colunas de tanques que invadiram o local duas semanas mais tarde, a 4 de Junho.

Era evocado por liderar as reformas económicas, que conduziram a China de uma nação isolada e empobrecida, para uma das economias mundiais de crescimento mais rápido.

Filho de um rico latifundiário, Zhao Ziyang, nasceu na província de Henan em 1919 e aderiu ao Partido Comunista em 1938. Foi perseguido durante a Revolução Cultural, um movimento desencadeado por Mao Zedong, que procurou destruir os últimos elementos de capitalismo na sociedade chinesa. Zhao foi reabilitado em 1973, pouco antes da morte de Mao Zedong. Ascendeu na hierarquia do partido e como primeiro ministro – a partir de 1980 – tornou-se num dos arquitectos chave do movimento da reforma económica chinesa. Joseph Cheng, professor de política na Universidade de Hong Kong, refere que Zhao foi um dos impulsionadores da denominada política chinesa de porta aberta.

"Desenvolveu essencialmente a estratégia chinesa de explorar o investimento estrangeiro, usando os recursos de terra e mão de obra barata para acumular capital – lançando os fundamentos do processo de modernização da China."

Zhao foi instrumental na criação das Zonas Económicas Especiais e das Cidades Costeiras Abertas, projectos pilotos que nos anos oitenta deram inicio a rápida e intensa industrialização da costa leste da China. A popularidade de Zhao Ziyang era de tal forma grande que era considerado como o provável sucessor do então dirigente Deng Xiaoping.

Foi a simpatia de Zhao pelos manifestantes da Praça de Tiananmen e a sua oposição ao plano do governo de reprimir os activistas pró-democracia que levaram os elementos da linha dura do Partido Comunista a expulsá-lo em Junho de 1989. A liderança partidária acusou-o de apoiar aquilo que denominou de "rebelião contra revolucionária”e de tentar dividir o partido.

Nunca mais fez qualquer aparição publica sendo confinado a uma residência não longe da Praça de Tiananmen, donde se aventurou apenas raramente e sempre sob forte escolta para jogar golfe nos relvados próximos.

Escreveu – pelo menos em duas ocasiões – cartas ao governo solicitando a re avaliação do incidente de Tiananmen, tendo uma dessas cartas aparecido na véspera do decimo quinto congresso do Partido Comunista.. A outra ocorreu em 1998 durante a visita à China do então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, não tendo nenhuma destas cartas sido alguma vez publicadas na China.

O professor Joseph Cheng acentua que o governo considerou Zhao Ziyang uma ameaça durante o resto da sua vida.

"Era considerado como uma fonte para a revisão do veredicto sobre Tiananmen, visto como um acto simbólico na preparação da China para maiores reformas políticas."

Mesmo após a morte, o governo considera Zhao uma ameaça, receando que o seu nome possa desencadear descontentamento entre os agricultores pobres, os intelectuais, os desempregados e outros que desejam ver reformas políticas drásticas.

O veterano advogado pró democracia, Ren WANDING, que passou onze anos na cadeia por ter criticado o partido comunista, afirmou a Voz da América, após ter conhecimento da morte de Zhao.

Descreveu o antigo dirigente partidário como um membro ilustre cuja visão poderia ter feito diferença na China, e embora não fosse um democrata, advogou em 1989 uma solução moderada, o dialogo e a negociação para resolver o movimento estudantil.

Agentes da policia foram colocados no exterior da residência de Ren, e agentes foram igualmente vistos guardando a casa onde o antigo líder do partido comunista esteve confinado, impedido o acesso ao caminho que conduz a propriedade.

Na Praça de Tiananmen era visível o reforço da segurança, nos dias anteriores à morte de Zhao Ziyang, quando começou a circular informação sobre ter entrado em estado de coma.

O anuncio oficial da sua morte foi feito através de uma pequena noticia na agencia de noticias estatal, indicando que tinha falecido num hospital de Pequim após padecer dos pulmões e do coração.

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