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A luta e os sentimentos de aversão mutua


A luta e os sentimentos de aversão mutua entre os naturais e os colonos ingleses em Jamestown abrandaram finalmente na pauta do romance que acabou por se embrulhar John Rolfe, o colono que introduzira a plantação do tabaco na colónia com a lendária Princesa Pocahontas, filha do não menos lendário Powhatan, chefe que tinha sido até aí dos Índios Pamunkey da Baía do Chesapeake : Tomé Mbuia João - Democracia Americana: o Encontro de Duas Culturas.

Dizíamos na conversa passada que a situação em Jamestown, na colónia da Virgínia a situação estava a subir a temperaturas intoleráveis entre índios Powhatan e os primeiros colonos europeus, muito devido ao indivíduo que ia pelo nome de Capitão Smith. Powhatan perguntava varias vezes ao Capitão Smith quando é o grupo ia deixar a baia, até que percebeu que os ingleses tinham vindo para ficar.

A luta se intensificou a paroxismos desumanos para dizer só isso. Os verbos descritivos da situação criada aqui já não são roubar e matar mas, sim tirar e levar uns dos outros, o pouco que ainda tivessem. A agravar ainda a falta de tudo mais um grupo de colonos chega à Virgínia em 1609, por iniciativa própria, ou recrutados pela Companhia de Londres para reforçar os primeiros, já reduzidos em numero.

E o Capitão Smith é chamado a Londres a prestar contas. O resultado, não apenas Smith é afastado do cargo mas a Companhia autorga uma nova carta de conduta e administração colonial abolindo a primeira da fundação. A nova carta é fundamentalmente um código de leis de moralidade e trabalho tal como dizia o seu título : ”Code of Laws, Divine, Morall and Martiall”:

Doravante, a assistência aos sermões dominicais é compulsória, a sodomia e o adultério são proibidos, a pena de morte é imposta contra determinadas ofensas. Uma nova conduta de trabalho mais estrita forçava os colonos à cultura de tabaco, introduzido das colónias das Caraíbas onde a mão de obra negra africana garantia o seu rendimentos. Os negros da mão de obra escrava são introduzidos na Virgínia pela primeira vez em 1619.

A companhia em Londres tinha entendido que a instabilidade na Virgínia vinha não tanto na luta com os índios locais mas ainda da falta da moralidade em linha com a Inglaterra protestante pôs-henriquina. Faltava uma saída para o problema índio que entretanto se ia agravando até que numa das razias aos palácios de Powhatan, um tal John Rolfe colono da nova leva, captura e arrasta uma princesa índia de rara beleza, umas das muitas filhas do rei Powhatan – Pocahontas o seu nome.

Segue-se uma história meio lendária, meio verdadeira, de que os virginianos de todas as gerações desde então nunca se saturaram. Para John Rolfe, Pocahontas torna-se desde logo uma presa do seu coração. É nesta que a apresenta ao governador da colónia, Sir Thomas Dale. Quer casá-la. Pocahontas vai ter a sua história na sua Virgínia natal e em Londres, que daí a pouco vai ser o viveiro trágico do seu novo destino em terra adoptiva, mas não sem ter antes satisfeito os caprichos do seu pai.

A luz do novo código de colonial, John Rolfe temia que os seus anseios pela princesa índia coimados, nada mais nada menos do que apenas um fogo mal alimentado de uma paixão mal orientada. Por isso no mesmo pedido de casamento ao governador, John Rolfe sugeriu a conversão de Pocahontas ao cristianismo. ”...Pocahontas”... disse John Rolfe vencido, ”to whom my hearty and best thoughts are, and have long been so entangled”... .Pocahontas a quem tenho dedicado desde ha muito o melhor e o mais profundo dos meus sentimentos. A história continua. Voltaremos.

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