Bakar Abubakar sabe o que significa viver sob os olhos de uma tempestade da malária:
“Sinto-me imensamente triste e a sofrer quando penso nessa doença fatal ... a malária. Perdi um irmão e condiscípulos da escola, vitimas desta doença. Vários outros ficaram permanentemente afectados por esta doença ... um deles ficou paralisado em resultado de uma infecção que apanhou quando sofria da malária...enquanto mais um outro amigo meu, está surdo e mudo...”.
Horas antes da reunião do grupo Fundo Global de Luta Contra a Sida, Tuberculose e Malária, Abubakar mostrou aos jornalistas fotografias de crianças permanentemente afectadas pela malária.
Entretanto, cerca de vinte quilómetros de Arusha, na aldeia de Manyatta, Hapiness Ndozi, descreve como a malária afecta a sua família:
Hapiness Ndozi disse que a sua filha sofre de repetidos assaltos da malária, e que algumas vezes desmaia. Disse que a sua filha faz muito barulho, quando lhe sobe a febre...fica extremamente cansada e exausta sempre que é assaltada pela doença...
Uma vizinha de Hapiness Ndozi acrescenta que cinco pessoas de uma aldeia de mil e 800 pessoas, morreram da malária nos primeiros seis meses do ano passado.
Cerca de 90 por cento das mais de um milhão de mortes que ocorrem no mundo em consequência da malária todos os anos, acontecem em África, sendo a maior parte delas crianças, atribuindo-se à doença cerca de 20 por cento das mortes de crianças de menos de cinco anos em África.
Calcula-se que a malária custa ao Continente mais de 12 biliões de dólares de rendimentos todos os anos, o equivalente a 40 por cento de todas as despesas dedicadas aos cuidados de saúde no Continente.
A malária é causada por um parasita que se contamina através da mordedura de mosquitos. Existem quatro tipos de malária, um dos quais, o falciparum, é o mais comum em África, e também o mais perigoso. Os seus sintomas manifestam-se através de altas febres, dores de cabeça e de músculos, vómitos e outros sintomas afins à gripe.
O Director-Geral Adjunto do Projecto da Sida, Tuberculose e Malária, da OMS, o Dr. Jack Chow, explica porque é que as crianças são mais vulneráveis a esta doença em África:
“Primeiro, o seu tamanho, depois, o seu sistema de imunidade não é tão robusto em comparação com o dos adultos. Quando o parasita da malária ataca e começa a infectar a criança, os efeitos são ainda mais perniciosos ao seu sistema de saúde em comparação com o dos adultos. Muitas crianças ficam a sofrer de danos neurológicos em consequência de hemorragias cerebrais provocadas pela malária, o resto das suas vidas ...”.
O Dr.Chow diz que entre os danos causados pela malária estão a cegueira, a paralisia e a surdez:
“...a malária é uma doença cíclica ... o mosquito perpetua os seus efeitos mordendo e infectando as pessoas. Ha a necessidade de quebrar o ciclo não apenas em África mas noutras partes do mundo, atacando todas as formas da mordedura que o mosquito possa causar....
Os medicamentos tradicionais contra a malária, tais como a cloroquina, dentro em breve, o fansidar, já não se aplicam em África. O tratamento mais indicado em África é um conjunto de terapias chamadas artemisinin, ACT, que segundo afirma o Dr. Chow, em conjunção com outros medicamentos, garantem 90 por cento da cura. Mas adiantou não ser um tratamento de acesso fácil à maior parte dos pacientes.
Especialistas acrescentam que outra forma de combater a malária é as pessoas dormirem em redes mosquiteiras tratadas por insecticidas. De acordo com a OMS a pratica tem 60 por cento de garantias de as pessoas não contrariem a malária.
Por sua vez, o Dr. Richard Feachen, Director do Programa Global de Luta Contra a Sida, Tuberculose e Malária, disse que a malária pode e deve ser erradicada em África.
Diz ele que ha quatro formas de se conseguir este objectivo. As pessoas, sobretudo crianças e mulheres grávidas, devem dormir debaixo de redes mosquiteiras tratadas com insecticidas. Segundo, os que sofrem da doença devem ser imediatamente diagnosticados e tratados. Em terceiro lugar, nas zonas de maior transmissão da doença, as mulheres gravidas devem automaticamente ser tratadas. Em quarto lugar, devem utilizar-se métodos destinados a impedir que os mosquitos se aproximem das áreas residenciais, dentro ou fora das casas.
O Doutor Feachem disse que os governos da Eritréia, Moçambique, Swazilandia e África do Sul, tomaram seria medidas de controlo da malária, e com muito êxito:
“...as taxas da infecção da malária naqueles países baixaram em 70...80..85... por cento em apenas alguns anos...tendo tido um impacto muito dramático...
O Dr. Feachem disse que o Fundo Global destacou cerca de um bilião de dólares na luta contra a malária à escala mundial, sendo três quartos destes fundos dedicados à África. O medico da OMS encoraja os países africanos a implementarem formas de intervenção que garantam aos seus cidadãos maior acesso aos melhores métodos de tratamento.