O anúncio foi feito um dia depois das tropas junto da missão da ONU na Costa do Marfim terem disparado para o ar para dispersar uma manifestação contra o desarmamento na cidade rebelde de Bouake.
Os rebeldes afirmam que três pessoas ficaram gravemente feridas na sequência de actos de violência.
Um porta voz dos rebeldes Sidiki Konate disse à VOA que não irão participar no processo de desarmamento, previsto para sexta-feira, porque as reformas políticas ainda não foram postas em prática.
”O desarmamento não pode ter lugar na sexta-feira porque faz parte do Programa Accra II e III o qual prevê que tem que ser feitas reformas políticas e só então terá lugar o desarmamento. E todos nós vimos que a data ate 30 de Setembro não foi respeitada pelo presidente Gbagbo. Isso significa que não será possível iniciar qualquer tipo de processo de desarmamento, sem a aprovação da lei.”
O Acordo Accra III, subscrito por representantes de todos os partidos políticos e pelos movimentos rebeldes na Costa do Marfim, especifica as datas chave para a implementação do acordo de paz naquela dividida nação africana.
Os direitos de propriedade de terras, questões de nacionalidade e elegibilidade para a presidência ficaram resolvidos no fim do mês de Setembro. Apenas uma de dezenas de leis necessárias para pôr em prática o processo de paz foi concretizada.
O presidente Laurent Gbabgo convocou na segunda-feira um encontro na capital da Costa do Marfim para debater o desarmamento.
O porta-voz Konate afirma que os rebeldes se irão defender se houver uma tentativa para forçar o desarmamento.
”Nós não faremos a guerra, mas iremos proteger-nos e penso que temos muitas responsabilidades de proteger o nosso povo, de proteger a nossa zona.”
A Costa do Marfim, que já foi estável e próspera, continua dividida há mais de dois anos depois de uma fracassada tentativa de golpe de Estado. O desarmamento deveria ter começado no ano passado, mas foi adiado por várias vezes. As eleições presidenciais estão marcadas para o fim do próximo ano.