Colin Powell e o secretario-geral Annan fizeram visitas coordenadas ao Sudão ha três semanas e pediram as autoridades em Cartum para tomarem passos específicos no sentido de aliviar a crise em Darfur.
Funcionários disseram que, desde então, o governo sudanes tem tomado alguns passos para facilitar o acesso humanitário a região. Mas Powell afirmou estar “completamente insatisfeito” com a resposta de Cartum no que diz respeito à segurança.
Um alto diplomata americano disse aos jornalistas que o secretario de Estado vai analisar com Kofi Annan formas de “fazer chegar o lume” ao Sudão, incluindo uma revista resolução do Conselho de Segurança da ONU que atinge não só os chefes das milícias “Janjawwed” mas também elementos chave do governo de Cartum, com sanções precisas.
A administração Bush colocou na mesa no principio deste um projecto de resolução sobre a crise em Darfur. Mas não tem pressionado pela sua votação, aguardando por uma resposta visível de Cartum sobre os pedidos de Colin Powell e de Kofi Annan e pelas conclusões de uma missão recem-completada ao Sudão do enviado especial do secretario-geral da ONU, Jan Pronk.
Numa conferencia de imprensa, o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher, disse ser agora claro que a resposta do Sudão eh inadequada.
“As coisas que pedimos para ver, as coisas que pensamos precisarem ser feitas, não foram feitas. E de facto continuamos a receber noticias de violência, continuamos a receber noticias de insegurança. Como o secretario Powell disse ontem. Não foi feito o suficiente para acabar com as acções dos Janjaweed, as violações estão ainda a ocorrer, as pessoas não se sentem seguras quando saem para irem trabalhar para os campos. A situação e muito muito seria.”
Dezenas de milhar de pessoas foram mortas e mais de um milhão obrigadas a deixarem as suas casas nos 15 meses de conflito em Darfur, onde milícias árabes apoiadas pelo governo sudanes utilizam a política de terra queimada contra rebeldes locais e aldeões negros que alegadamente os apoiem.
Durante as missões de Powell e Annan ao Sudão, o governo de Cartum prometeu desarmar as milícias, proteger os civis deslocados e autorizar o acesso a Darfur de trabalhadores humanitários e monitores de direitos humanos.
Contudo, o enviado do secretario-geral da ONU, Jan Pronk, disse quarta-feira em Nova York que não houve quaisquer progressos sobre segurança para os refugiados.
O alto diplomata americano, que falava aos jornalistas, afirmou esperar que o encontro entre Powell e Annan ajude a focar a atenção publica em Darfur e gere apoio para uma resolução do Conselho de Segurança.
O mesmo diplomata acrescentou que uns poucos membros do Conselho de Segurança estão contra a resolução, que ameaça um embargo de armas e de viagens contra os Janjaweed e seus apoiantes no governo de Cartum dentro de um mês, se as recomendações da ONU não forem alcançadas.
A administração Bush descreveu as acções dos Janjaweed como “limpeza étnica”. Esta também a examinar se a situação entra na definição de genocídio, o que poderá desencadear penalidades de longo alcance contra os seus responsáveis, ao abrigo de uma convenção internacional de 1984.
Mas o alto diplomata americano disse que uma determinação legal não representa uma ajuda imediata a centenas de milhar de pessoas em Darfur, cujas vidas estão em perigo, e que a principal coisa agora e desarmar as milícias.