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A pólio poderá vir a ser eliminada do mundo - 2004-07-16


RENATO- A pólio poderá vir a segunda doença infecciosa grave a ser eliminada do mundo. A primeira foi à varíola. Em 1988, na Quadragésima Primeira Assembléia Mundial de Saúde, da qual participaram 166 delegados de Estados-membros, foi lançada a Iniciativa para Erradicar a Pólio até o ano 2000. Aquela meta não chegou a ser alcançada. Consequentemente, a data foi adiada para o inicio do ano 2005 ,e há esperanças de que dessa vez o prazo seja cumprido, malgrado recentes obstáculos. RICARDO- No geral, o sucesso tem sido grande. Desde o lançamento da campanha, o número de casos da doença caiu em 99 por cento. Em 1988, registaram-se 350 mil casos de pólio no mundo, e este ano, até o momento, só ocorreram 333. O numero de paises onde a doença é endêmica foi reduzido de 125 para somente 7. O continente americano foi decretado oficialmente livre da pólio em 1994, seguindo-se, em 2000, a região do Pacifico Ocidental, e no ano 2002, a região européia. A pólio subsiste apenas em algumas partes da África e do sul asiático.

RENATO- Antes que uma região em que a OMS esteja presente possa ser certificada como livre da pólio, três condições precisam ser satisfeitas. A primeira é que durante três anos não ocorra nenhum caso de pólio devido ao chamado vírus selvagem, ou seja, aquele que circula livremente. A segunda é que haja garantia no critério de vigilância adotado pelo país. Enfim, a terceira é que cada pais demonstre a capacidade de detectar , notificar e reagir aos casos do poliovirus ´importado “.

RICARDO- Há várias estratégias para combater a ação do poliuvirus. Citemos, inicialmente, a cobertura elevada de imunização da criança, com quatro doses de vacina oral no primeiro ano de vida. Isso deve ser acompanhado de doses suplementares de vacina para todas as crianças com menos de 5 anos, nos chamados Dias Nacionais de Imunização . Precisa também haver vigilância sobre o vírus selvagem através de relatórios e testes de laboratório, sobretudo em crianças com menos de 15 anos.

RENATO- A campanha de erradicação da pólio é um empreendimento demasiadamente vasto para poder ser levado a cabo por somente uma organização. Quatro entidades se destacam na condução dessa iniciativa. Citemos, em primeiro lugar, a Organização Mundial de Saúde, encarregada da direção técnica e da planificação estratégica da iniciativa. Ela tem um papel fundamental na avaliação do desempenho de todos os aspectos do programa e na coordenação das pesquisas cientificas,além de supervisionar a movimentação dos recursos humanos (cerca de 2 mil pessoas) , e elaborar e supervisionar as normas do processo de certificação.

RICARDO- O Rotary Internacional, com 1 milhão e 400 mil associados voluntários, já doou mais de 500 milhões de dólares para a iniciativa, e presta colaboração em todo o mundo. Em 2002, quando foi comemorado o Ano do Voluntariado, a então diretora da OMS, doutora Gro Harlem Brundtland, escreveu uma carta ao Rotary na qual dizia: “A notável mobilização de voluntários e governos em campanhas de imunização contra a pólio iniciada pelo Rotary, em 1979, serviu de alicerce para a decisão da Assembléia Mundial de Saúde, em 1988, de erradicar a poliomielite.”

RENATO - Os Centro Norte-americanos de Prevenção e Controle de Doenças , que pertencem ao governo de Washington, colocam seus grandes recursos técnicos a serviço da iniciativa, utilizando técnicas de monitoramento virológico bastante sofisticadas que permitem identificar a origem do poliovirus e determinar com precisão o itinerário geográfico da epidemia. Por sua vez, o Fundo das Nações Unidas para a Criança ( UNICEF) , que tem escritórios em 160 paises, realiza, entre outras, a tarefa de coordenar os trabalhos de vacinação no mundo, em colaboração com os diversos governos.

RICARDO- O impacto da Iniciativa para a Erradicação Global da Pólio tem sido imenso. Dois bilhões de crianças foram vacinadas. Indiretamente, a campanha robusteceu o sistema de saúde de inúmeros paises. E tem proporcionado benefícios colaterais, como, por exemplo, a distribuição de vitamina “A” durante a realização das campanhas de imunização. Calcula-se que desde 1988 cinco milhões de mortes de crianças tenham sido evitadas dessa forma.

RENATO- Os especialistas não se cansam de repetir que a vigilância deve continuar. Mesmo em paises como Angola, onde a pólio praticamente deixou de existir, o ressurgimento do vírus é sempre uma possibilidade. A pólio só deixará de ser uma ameaça quando todas as crianças do mundo, sem exceção, estiverem protegidas, e o vírus for definitivamente expulso do planeta.

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