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Reagan deixou marcas em Angola - 2004-06-11


“Reagan tira as mãos de Angola!” Este slogan fez história nos anos 80 altura em que Angola era palco de uma guerra civil, que tinha de um lado o MPLA, um regime monolítico e pró-soviético e do outro, a UNITA apoiada pela administração norte-americana.

Por esta razão o conflito de Angola acabou sendo visto como um prolongamento da guerra fria, de tal maneira que o cessar-fogo assinado pelas duas partes teve o testemunho dos Estados Unidos, e da União Soviética, na altura a braços com a sua própria desintegração.

De resto, o apoio aberto dado a UNITA pela administração republicana chefiada por Reagan manifestada entre outros aspectos na concessão dos famosos mísseis «stingers» viria de alguma forma a influenciar a situação e a levar as partes, como se dizia então, a negociarem um acordo de paz.

Em Luanda,dois políticos e um docente universitário reflectiram sobre a obra de Ronald Reagan fazendo uma caracterização da sua figura como político e como dirigente do Estado americano. O académico, Mário Pinto de Andrade, caracterizou Ronald Reagan como uma figura política que ficará na história pela negativa e pela positiva.Pinto de Andrade entende que a queda do Muro de Berlim e ao fim da guerra fria ficarão sempre associados o nome de Ronald Reagan.

Ressalta no entanto o facto de durante os dois mandatos à frente da Casa Branca o ex-presidente ter conduzido a política da guerra das estrelas e de apoio aos movimentos que combatiam governos legítimos como o de Angola.

“Um aspecto positivo que eu penso desta época foi o facto de ao mesmo tempo que desenvolvia esta estratégia também foi dos primeiros presidentes americanos a reunir com Mikael Gorbatchov. Pela negativa foi o facto de esta estratégia de intensificar a guerra das estrelas e de aniquilamento da União Soviética, ter afectado Angola.

Por outro lado,a emenda Clark estimulou um grande apoio dos EUA ao apartheid na África do Sul. Angola foi em África o país mais atingido por essa estratégia. Nesse aspecto Reagan pecou.”

Para o líder do Partido Republicano Angolano, Carlos Contreiras, Ronald Reagan deve ser visto como uma figura que contribuiu para a estabilidade política do mundo.

“Durante o seu mandato, Ronald Reagan, apostou seriamente na democratização e prosperidade de Angola.” Na opinião do general Lukamba Gato da UNITA, o ex-presidente americano foi um político pragmático que soube agir no momento próprio.

“Foi dos grandes homens que marcaram a fim do século vinte. Foi um homem de ideais nobres como a liberdade, a democracia e o livre empreedimento. Foi sobretudo um homem de análises simples mas pragmáticas. E a sua acção pelo seus ideais fez-se sentir em todo o mundo como na Europa do Leste, na Ásia, na América Latina e em África. Não haja dúvidas que lá onde ele sentia que os valores pelo quais se batia estavam em perigo fez intervenção.”

O dirigente da UNITA defendeu que foi graças a obra de Ronald Reagan que hoje os valores da democracia e da liberdade e de economia de mercado são uma realidade em Angola.

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