Teve lugar em Lisboa uma conferencia intitulada “Angola na encruzilhada do Futuro,” organizada pela Fundação Mário Soares em conjunção com a Open Society.
Presentes responsáveis do governo angolano, da UNITA e de outros partidos da oposição, e ainda activistas, entre eles Rafael Marques, destacado defensor dos direitos humanos em Angola.
Rafael Marques intervindo na conferencia acusou o presidente José Eduardo dos Santos de “desprezo e falta de respeito” pelo povo angolano, acrescentando que continua a registar-se uma grande “opressão,” “injustiça” e falta de democracia em Angola, com particular destaque para as províncias.
O activista afirmou mesmo que só haverá democracia quando o governo desistir das suas políticas de decepção e corrupção.
No seu discurso, intitulado «O Confisco da Liberdade», Marques descreveu Luanda como «a capital do país onde, no meio de tanto lixo e igual miséria, o poder exibe o seu cartão de visita e entretém os poderes estrangeiros que lhe concedem a legitimidade, pelo povo contestada, em troca de petróleo, diamantes e outras riquezas»
Para o jornalista, «a liberdade de Luanda é fruto da exclusão do resto do país. De desvalorização dos usos e costumes dos povos do interior que, chegados à Luanda, são obrigados a ua cultura híbrida, indefinida mas eficaz no afastamento do cidadão comum, até da periferia dos centros de decisão».
Falando no mesmo encontro, João de Almeida, secretario do bureau político do MPLA, disse que o governo esta a tentar rever a Constituição para preparar o pais para eleições ha muito devidas.
Mas, Carlos Morgado, da UNITA, recordou o boicote que o seu partido decidiu fazer na comissão parlamentar que esta a preparar as mudanças constitucionais, ate que o presidente marque uma data para as eleições.
Morgado acusou o governo angolano de não ter vontade política e usar a questão da revisão constitucional como táctica de impasse.
O rei das Lundas-Chokwe, MUACHICHANGA UATENZA, falou do isolamento das populações do interior e disse que as Lundas são terras diamantiferas, que o governo lucra com a industria e com o garimpo, mas não o povo, a população local.
O moderador do colóquio era o eurodeputado português Ribeiro e Castro o qual frisa a necessidade da consolidação da democracia em Angola, para que o pais possa ser uma referencia para África, e acima de tudo para a África Austral. Ribeiro e Castro falou também da questão do acesso a informação. «Desenvolvimento económico e gestão do poder», «O interior de Angola: o respeito pelos direitos humanos e o acesso à informação» e «A questão de Cabinda» foram os temas do programa.
A «Questão de Cabinda», contou com a moderação do jurista Rui Falcão de Campos. Durante a mesma sessão foi apresentado um vídeo de dez minutos sobre a conferência «Uma visão comum para Cabinda» que teve lugar no Centro Cultural de Chiloango, em Cabinda.
O vigário geral da Diocese de Cabinda, Raul Tati, assim como o presidente da associação cívica de Cabinda Mpalabanda, Agostinho Chicaia, foram os conferencistas desta sessão.
Entretanto, a delegação provincial da UNITA em Cabinda promove, quinta e sexta-feira, em Cabinda, um seminário sobre formação eleitoral. O encontro, o primeiro do género promovido pela UNITA em Cabinda, será orientado pelo secretário do partido para os Assuntos Constitucionais e Eleitorais e deputado à Assembleia Nacional, Abel Chivukuvuku.
Em declarações à agência de notícias Angop, o delegado da UNITA em Cabinda, José da Costa Lembe, destacou a importância da acção formativa, considerando-a uma oportunidade para os seus quadros se «cultivarem» e «melhor passarem a mensagem do partido» ao povo.