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50.000 000 dólares americanos - 2004-05-17


O actual ministro-adjunto do primeiro-ministro, Aguinaldo Jaime, tentou transferir, em 2002, 50.000 000 dólares americanos depositados numa conta-petróleo, domiciliada no Citibank em Londres, para uma conta privada nos Estados Unidos da América, revelou o jornal norte-americano “Los Angeles Times”.

Entretanto, a operação abortou depois que suspeitas foram levantadas na embaixada americana em Luanda, no Citibank e na sucursal do Bank of América em San Diego, para onde o dinheiro deveria ser transferido.

A representação diplomática americana em Luanda viria a investigar a transferência do dinheiro, e ao confrontar as autoridades angolanas sobre a origem do mesmo, e natureza da operação não recebeu qualquer explicação aceitável.

O conselheiro político e económico da embaixada americana em Luanda, Shawn Sullivan, é citado pelo jornal como tendo afirmado que a abertura da conta no Bank of América havia sido feita semanas antes da tentativa da transferência por um empresário da África Ocidental conhecido de Aguinaldo Jaime, na altura em que este era o governador do Banco Nacional de Angola.

Entretanto, diz o jornal, Aguinaldo Jaime e a gerência dos dois bancos recusaram-se a comentar estas alegações, mas o “Los Angeles Times” lembrou outras feitas em ocasiões distintas por instituições internacionais acerca do desaparecimento de milhões de dolares das conta-petróleo, supostamente através do mesmo mecanismo. Uma analise de relatórios internos de companhias petrolíferas feita pelo jornal mostra que estas multinacionais ganham apoios do regime através da canalização de contratos para membros da elite assim como por via do financiamento de fundações controladas pela “família do poder”. O jornal dá como exemplo a construção, por um empresário próximo de José Eduardo dos Santos, de um complexo residencial para os funcionários da ExxonMobil, cujos pagamentos pelo arrendamento do espaço são feitos a um antigo chefe do estado-maior das FAA. O mesmo documento diz que a FESA recebe dinheiro de empresas estrangeiras para “fortalecer o culto de personalidade de Dos Santos por forma a convencer que o presidente angolano se preocupa com os mais desfavorecidos”.

Tais benefícios usufruídos por uma pequena elite contrastam, contudo, com a extrema pobreza em que vive a esmagadora maioria da população angolana. Num relatório confidencial da companhia petrolífera Shell, citado pelo “Los Angeles Times”, lê-se que “os rendimentos do petróleo, do modo como são usados hoje, são vistos na generalidade como uma maldição” e de uma maneira geral a sociedade já sabe que a exploração petrolífera beneficia mais a elite do poder.

Face a esta realidade, o executivo angolano recorre ao trabalho de “lobbies” para branquear a sua imagem nos Estados Unidos da América, tendo gasto já com Robert Cabelly antigo funcionário do departamento de Estado, 6 milhões de dolares. Cabelly recusou-se, entretanto, a comentar o seu trabalho a favor das autoridades angolanas.

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