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Josefina Diakité: Queremos alargar a cooperação para além do petróleo - 2004-05-12


O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, é recebido amanhã, quarta feira, na Casa Branca para conversações com o Chefe de Estado norte-americano, George Bush, no âmbito da visita oficial que efectua aos Estados Unidos.

Em vésperas da chegada do estadista angolano a Washington, a Voz da América, através do jornalista Nelson Herbert, conversou com a embaixadora Josefina Pitra Diakité sobre as expectativas do governo de Angola quanto à esta visita.

JOSEFINA DIAKITÉ - Nós costumámos dizer que o sector dos petróleos já está bastante bem, e com possibilidades de se desenvolver. Angola pode jogar um papel considerável no contexto da estabilidade energética dos Estados Unidos da América. Mas é verdade que também do nosso ponto de vista precisamos de reconstruir o país , precisamos de diversificar a economia e precisamos de normalizar o país no pós guerra. E aí é que devem entrar outros sectores, para salvaguardar os interesses de Angola. Neste contexto estarão em causa sectores como o dos transportes, a agricultura e outros. VOA- Falando do sector militar, recentemente um responsável militar americano adiantou a possibilidade dos Estados Unidos virem a utilizar aeródromos de apoio em acções militares. O que é que há de concreto sobre essa possibilidade, poderá haver uma cooperação militar entre os dois países a partir precisamente dessa modalidade?

JD- Acho que nestes termos ainda não há nada de concreto. Ainda não temos propostas concretas sobre a mesa para analisarmos. A visita desse responsável foi positiva e, aliás, ele fez um relatório positivo em Washington mas o que nós temos percebido ultimamente é a perspectiva da Administração apoiar mais os países africanos para que eles possam ser, eles próprios, a conduzir os seus destinos relativamente as operações de paz no continente por forma a desafogar, por assim dizer, os Estados Unidos que ultimamente estão engajados em várias frentes.

VOA- Conhecidas que são as posições e a atenção que os Estados Unidos tem votado à normalização da vida política em Angola, recentemente o embaixador dos Estados Unidos em Luanda admitiu ser necessária a clarificação de um calendário eleitoral. Será esse porventura um dos aspectos de abordagem?

JD- Se tivermos em conta a evolução histórica das relações entre Angola e os Estados Unidos e se tivermos em conta o apoio que os Estados Unidos têm dado a Angola ultimamente mesmo ainda no contexto da assistência humanitária, e não só, é natural que quando os dois mais altos dignatários de ambos os países se encontrem troquem também ideias sobre questões de natureza política que aliás poderão concorrer para uma normalização efectiva da situação no país no período pós guerra E claro que a questão das eleições faz parte da plataforma política do próprio governo no sentido do reforço da democracia e da normalização do país e naturalmente também o nosso Presidente a predisposição de discutir esta questão com o seu homólogo Bush.

VOA- Que importância as autoridades angolanas dariam a um eventual apoio dos EUA um forcing norte-americano para que a conferência de doadores sobre Angola venha de facto a acontecer?

JD- Claro é uma das questões que estará também sobre a mesa. Angola é um país pós conflito que está efectivamente a fazer uma série de esforços e , claro, nós reconhecemos e estamos gratos a assistência relativa que a comunidade internacional nos tem brindado. Mas temos que reconhecer que um país da dimensão de Angola e numa situação pós conflito como qualquer outro - temos casos recentes de países que também saíram de uma guerra, países com grandes potencialidades e que já mereceram a atenção da comunidade internacional em termos de uma conferência de doadores -, para possibilitar que o país possa efectivamente relançar-se. É absolutamente também importante para Angola que a comunidade internacional se engaje no sentido de nos apoiar para que possamos pensar em desenvolvimento em longo prazo.

VOA- Recentemente uma organização, o Fundo para a Paz, pediu em carta endereçada ao presidente americano que intercedesse junto do seu homólogo angolano para que Angola subscreva iniciativa para a transparência da indústria extractiva?

JD- No quadro da transparência angola já tem feito muito. Gostaria de mencionar a publicação do estudo diagnóstico do sector petrolífero e gostaria também de mencionar o estado avançado de negociação e de relacionamento com a comunidade internacional que os pode conduzir para a definição de um programa formal passando por um programa monitorado. Todas as outras iniciativas relativas à transparência de alguma forma se inscrevem neste projecto mais amplo com o Fundo Monetário Internacional o relacionamento com o FMI é a trave fundamental em termos de aumento da transparência ao nível do governo.

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