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Os Estados Unidos intensificam esforços anti - terroristas em África - 2004-04-02


Instigados pelos ataques às suas embaixadas no Quénia e na Tanzânia, e ainda na sequência dos assaltos terroristas de 11 de Setembro de 2001, os Estados Unidos têm estado a intensificar os seus esforços militares e de serviços secretos anti - terroristas em África.

O congressista republicano, Ed Royce, presidente da subcomissão para Assuntos Africanos, no Congresso, disse ter-se registado algum progresso no sentido de impedir que estados africanos mais vulneráveis se tornem santuários da rede al-Qaida ou doutros grupos terroristas. Um dos países africanos recentemente empenhados na cooperação anti - terrorista é o Chade que se juntou em Março passado aos Estados Unidos na caça aos militantes islâmicos argelinos, ligados à rede al-Qaida, enquanto, por outro lado, a Força Tarefa Conjunta, sediada no Djibouti, desempenha igualmente papel - chave na luta anti - terrorista.

No entanto, o Congressista Royce afirma que a fragilidade de muitos governos africanos e a sua situação económica deixam o caminho aberto a influências, senão até a actuação dos terroristas dentro das suas fronteiras.

“Na verdade, a África e muitos dos seus governos sem recursos, muitas vezes são incapazes de um controlo eficaz dos seus territórios, o que, francamente, tem sido considerado como sendo os pontos fracos na luta contra o terrorismo”...

O congressista americano citou como exemplo de instabilidade no Continente a Somália onde a luta contra o terrorismo exige mais atenção.

Por sua vez, Karl Wycoff, do Gabinete Anti - terrorismo do Departamento de Estado, disse que os Estados Unidos estão a trabalhar no sentido de, nas suas palavras, diluir o apelo do extremismo islâmico nos países africanos, mas que acredita que seriam necessários recursos comensurados às ameaças do terrorismo no Continente. Disse que países tais como o Mali, a Mauritânia, o Chade e o Níger necessitam de maior assistência em treino e equipamento para a segurança das suas fronteiras, e que a chamada Iniciativa Pan-Saheliana não é suficiente.

Todavia, há diferenças de opinião entre os legisladores no Congresso quanto à melhor resposta a dar às ameaças da influência da rede terrorista al-Qaida na África Ocidental, particularmente na Nigéria.

Douglas Farah, antigo correspondente do jornal Washington Post, diz que as suas reportagens, as comunicações doutras testemunhas e informações provenientes do tribunal dos crimes de guerra na Serra Leoa, confirmam os laços da rede al-Qaida aos chamados diamantes de sangue, na África Ocidental. Mas adianta que o grupo Hezbolah estaria mais activo do que a al-Qaida naquela região africana:

“Em poucas palavras, a al-Qaida e o Hezbollah mantêm uma presença activa na Africa Ocidental, há algum tempo. Serviços secretos europeus têm um dossier extenso acerca da sua presença na África Ocidental, mas pouca informação das agências secretas americanas acerca das operações dos dois grupos na região.

Douglas Farah indicou ser crucial na luta contra o terrorismo na África Ocidental o facto dos Estados Unidos terem intensificado a recolha de informações secretas nos país da região oeste - africana.

Por sua vez, Princeton Lyman, antigo Embaixador dos Estados Unidos na Nigéria e na África do Sul, disse que as dificuldades económicas constituem, talvez, o desafio mais serio em muitos países africanos:

“Talvez o maior desafio de todos sejam as ameaças criadas pelas crises económicas e políticas que se aprofundam em países tais como a Nigéria, onde as tensões religiosas, as privações económicas, o declínio do respeito pela lei e ordem e a instabilidade política, podem conduzir ainda aquele país de 130 milhões de habitantes a algumas das mais serias formas de actividades criminosas e terroristas...

Lyman afirma que em última análise não será possível conduzir uma campanha eficaz de luta contra o terrorismo à escala mundial a menos que as ameaças em África sejam tomadas em conta.

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