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Pessoas em África poderão ficar anos a viver em campos de refugiados - 2004-03-24


A agencia das Nações Unidas para os refugiados,UNHCR, disse haver pouco tempo para esperar – se a oportunidade for perdida, centenas de milhar de pessoas em África poderão ficar anos a viver em campos de refugiados. Mas muitas pessoas continuam cautelosas sobre o repatriamento.

Começamos a nossa investigação nas duas vertentes com Peter Kessler, um porta - voz da agencia das Nações Unidas para os Refugiados em Genebra, que descreveu a sua reunião da semana passada com doadores.

“Bom, tratou-se de um encontro com ministros africanos, destacados funcionários de países doadores, incluindo a Comissão Europeia, o chefe da Ajuda Humanitária e de Desenvolvimento, Paul Neilson, e outros dignatários, para se discutir as necessidades, planos para o futuro e para criar um grupo de trabalho de alto nível, tal como foi feito ha 10 anos nos países da antiga Jugoslávia, para ajudar a guiar esses países a caminharem para um futuro mais estável. As mesmas necessidades a serem feitas em países africanos que estão amadurecidos para os repatriamentos e que merecem o mesmo tipo de assistência tal como acontecem em regiões de guerra na Europa, Afeganistão e Iraque.”

A agencia das Nações Unidas para os refugiados espera repatriar cerca de dois milhões de refugiados de nove países africanos dentro dos próximos anos. Joel Frushone e analista de política africana no Comité dos Estados Unidos para os Refugiados e perguntamo-lhe que países foram seleccionados e porque.

“São eles Angola, Serra Leoa, Libéria, Sudão, Eritréia, Somália, assim como o Burundi, Ruanda e a Republica Democrática do Congo. Estes são os países alvejados, alguns deles acabam de sair de décadas de guerra civil, outros de cinco ou 10 anos de agitação civil. Gostaria de manter o meu optimismo em que os governos e todos aqueles que estão a tentar formular a paz nesses países o consigam para que as pessoas possam voltar para casa.”

Poderá esse vasto e ambicioso projecto de enviar para casa milhões de refugiados africanos funcionar ? O porta-voz Peter Kessler acredita que sim.

“Nos últimos três anos vimos mais de 800 mil refugiados regressarem aos seus países de origem, nomeadamente Angola, Eritréia e Serra Leoa. Foram regressos em massa. Pensamos seguramente que alguns dos nove países estão amadurecidos para regressos em grande escala…mais de dois milhões de refugiados e muitos milhões mais de pessoas deslocadas internamente nos próximos cinco anos….particularmente o Sudão, se as partes conseguirem alcançar um acordo sobre a situação no Sul. Assim poderá ser feito. Mas para dar a essas pessoas alguma esperança e estabilidade os doadores têm de aparecer e assegurar que haja uma concreta reabilitação e reconstrução para ajudá-los a terem alguma coisa quando voltarem.”

Joel Frushone do Comité dos Estados Unidos para os Refugiados não é tão optimista.

“Dizer isso é uma coisa e colocar as modalidades e a moldura legal e estabelecer a logística e ter fundos da comunidade internacional e o apoio desses repatriados é outra coisa que levara muitos meses a persuadir os governos tais como o dos Estados Unidos e de outros países a ajudar a pagar isso. Custará milhões de dólares. Não tenho a certeza se já tem números. Sei que repatriar 300 mil a 400 mil refugiados angolanos custou perto de 30 milhões de dólares. Agora se houver formas mais complicadas de transportar as pessoas e outras razões de segurança, mais dinheiro irá custar.”

Dois pontos de vista sobre o repatriamento de dois milhões de refugiados de nove países africanos.

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