No seu relatório anual, a Comissão Internacional da ONU para o Controlo de Narcóticos afirma que o cannabis, (conhecida nos nossos países por marijuana, maconha ou soruma) é em grande parte responsável pela violência e instabilidade na África Ocidental.
O secretário desta agência, Herbert Schaepe, afirma ser difícil saber os números exactos, mas tudo aponta para o crescente tráfico da marijuana na Costa do Marfim, Libéria e República Centro Africana está a ajudar os rebeldes a comprar armas.
"Estamos a citar informações da Interpol, e de organizações regionais, as quais indicam que, pelo menos, em parte em alguns países as armas e munições usadas por grupos rebeldes e organizações criminosas, que têm desestabilizado a região, poderão em parte ter sido adquiridas com os lucros do narcotráfico".
Palavras de Herbert Schaepe o qual diz que a tendência entre os agricultores africanos estão a deixar de plantar os tradicionais cereais e produtos para plantarem cannabis ou marijuana, o que é extremamente preocupador, pois promove a falta de ordem e leva a faltas alimentares por toda a África.
Segundo Schaepe, a popularidade do cannabis como produto que dá dinheiro, aumentou em África, coincidindo com o aumento do consumo de drogas na América do Norte e Europa. Os agricultores, diz ele, aprenderam que podem fazer mais dinheiro, muito mais dinheiro, com a cannabis que os cereais tradicionais.
As Nações Unidas, que tem escritórios para as drogas e o crime no Senegal e Nigéria, diz ser responsabilidade dos governos nacionais de África combater o tráfico ilegal de drogas.
Schaepe diz que, na África Ocidental, a Nigéria é o país com as maiores rotas de tráfico de drogas ilegais, apesar de ter, em vigor, medidas apertadas de combate ao narcotráfico.
"Não estamos a acusar a Nigéria; pensamos que, ao contrário, sobretudo nos últimos anos, a Nigéria tomou posições fortes. Introduziu diversas medidas eficazes, mas o facto é que continua a ser um dos maiores países do continente. Muito comércio passa pela Nigéria, vai com destino à Nigéria ou sai da Nigéria. E quanto mais comércio, mas as rotas comerciais podem ser mal usadas".
Para além da cannabis, a cocaína enviada do Brasil e a heroína da Ásia passam pela Nigéria, antes de chegarem à América do norte e Europa. o que preocupa as Nações Unidas é que uma maior quantidade destas drogas estar a ficar em África, e o abuso de drogas torna-se em mais um problema para os governos africanos. (AG)