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Eleições em África: O Bom, o Mau e o Feio


Vão realizar-se esta semana eleições no Togo. Essas eleições são as primeiras de uma série de votações previstas para este ano em países da África subsaariana.

A Voz da América contactou diversos peritos sobre questões africanas para analisarem estas eleições.

Chris Hennemeyer disse que essas eleições deste ano serão diferentes umas das outras.

As eleições podem ser divididas em boas, más e feias. Penso que em países como a costa do marfim as eleições serão muito más enquanto no Sudão, Etiópia e Ruanda teremos votações contenciosas, disse Hennemeyer

Hennemeyer disse que na sua opinião as eleições legislativas e presidenciais na Tanzânia previstas para Outubro serão boas e que a votação será calma no Burkina Faso onde haverá eleições em, finais de Novembro. Acrescente no entanto que muitas outras eleições são difíceis de prever.

Almani Cyllah, director regional para África da fundação internacional para sistemas eleitorais disse que considera ser um progresso o facto de ser difícil fazer previsões sobre as eleições.

"Quer sejam boas ou más o facto é que pelo menos estamos a ver os povos a decidirem quem querem que sejam os seus líderes enquanto no passado todos sabiam quem eram os líderes, todos sabiam quem seriam os vencedores.," diss ele.

"Agora há eleições e embora possamos ter um senso sobre quem vai ganhar consideramos as eleições de competitivas", acrescentou

Um dos problemas em eleições em África tem sido a questão das listas de eleitores. Chris Hennemeyer diz que a situação na Costa do marfim é o melhor exemplo disso.

"Na costa do marfim há uma população enorme de pessoas com raízes noutros países da região, particularmente no Burkina Faso e no Mali e não se sabe o que fazer para incluir essas pessoas no processo político," disse.

"Por isso o registo dos eleitores tendo a excluir pessoas que não têm meios para demonstrar que são verdadeiros marfinenses. Por outro lado o presidente Laurent Gbagbo não tem a intenção de abandonar o poder e tem usado todos os meios à sua disposição para se agarrar ao poder", acrescentou

Embora eleições em África possam levar a divisões dentro de certas sociedades como acontece na Costa do Marfim, o professor Leonard Wantchekon disse que eleições livres e justas são o melhor meio para se garantir a unidade a longo prazo.

"Mesmo que diferenças étnicas surjam como resultado das eleições pode se argumentar que eleições são o melhor meio para se resolver essas diferenças", disse o professor.

" Nós temos a tendência de esquecer que a democracia não é só uma questão de valores como a liberdade mas é também um mecanismo prático para a resolução de conflitos", acrescentou

Há eleições previstas para a este ano na Guiné- Conackry, Republica Centro Africana e Madagáscar que poderão ser adiadas. Todos estes países passam por uma fase conturbada na sequência de golpes de estado. Na semana passada por exemplo rebeldes e dirigentes da oposição na Republica centro africana disseram não haver condições para as eleições marcadas para o próximo dia 25 de Abril.

Mas o analista Chris Hennemeyer diz que na sua opinião essas eleições deveriam realizar-se.

"Se esperarmos para condições propícias para a realização de eleições então em muitos países africanos teremos que esperar durante décadas", disse ele.

No Burundi a situação é diferente. Dezenas de partidos estão a preparar-se para eleições marcadas para se iniciarem em Maio e que se vão prolongar até Julho.

Almani Cyllah da fundação internacional para sistemas eleitorais disse estar encorajado com o entusiasmo eleitoral nesse país.

"O Burundi é um bom exemplo do que nós pensamos será uma eleição muito competitiva" disse Cullah recordando que hoje em dia em África "raramente se vê agora 99 por cento de apoio para um candidato".

"Isso demonstra que os candidatos podem participar e estão a ter a capacidade de difundir a sua mensagem," acrescentou

Apesar dos desafios peritos eleitorais afirmam estar encorajados pela proliferação de meios de informação, organizações da sociedade civil e grupos de monitorização eleitoral no continente. Esses peritos afirmam que estes desenvolvimentos demonstram que a realização de eleições com sucesso não pode ser vista como o único barómetro do progresso democrático em África.

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