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Guiné-Bissau - “Casa das Mães”


A Guiné-Bissau é considerado um dos piores países para se ser mãe. As taxas de mortalidade materna e infantil são elevadas, e o país fica sempre nos piores lugares nos índices económicos, de desenvolvimento e de saúde. Mas estes números podem mudar graças à "Casa das Mães."

Kadiatou Barry de 20 anos está exuberante com a sua primeira gravidez. Parece gordinha e saudável, mas sofre de pressão arterial elevada e anemia, dois sinais perigosos em mulheres grávidas na Guiné-Bissau. Muitas grávidas nas zonas remotas do interior não reagem aos sinais de perigo até ser muito tarde. Mas Barry foi enviada para a "Casa das Mães" como gravidez de alto risco e beneficiou de logo desde o início de apoio e cuidados neo-natais.

Barry diz que a "Casa das Mães" é um bom local, onde dão grande apoio às mulheres, e que chegam em condição difícil, mas que ali recebem alimentação e tratamento.

Uma em cada 13 mulheres guineenses morre de complicações durante a gravidez e o parto. Apenas um-terço dos bebés nasce num hospital. Um em cada cinco bebés morre poucas semanas depois de nascer.

Em Gabu, 200 quilómetros a nordeste de Bissau, as taxas de mortalidade infantil e materna são as mais elevadas do país. Ali, a "Casa das Mães" é um edifício limpo de andar térreo nas instalações do hospital regional, e a poucos metros da maternidade. Há ali 17 mulheres em várias fases da gravidez. Cada uma tem a sua cama, uma rede mosquiteira e três refeições por dia. Recebe atenção médica regular. Tudo somado irá permitir-lhes sobreviver a triste estatística.

Serifo Embalo, coordena "Maternidade Sem Riscos" – projecto conjunto da Caritas, Catholic Relief Services e Ministério da Saúde da Guiné-Bissau.

Embalo diz que a Casa das Mães assiste grávidas com as mais graves complicações como anemia, edemas e hipertensão.

Guy de Araújo, representante do Fundo da População da ONU, afirma ser crucial para reduzir a taxa de mortalidade que as grávidas com complicações sejam assistidas em hospitais o mais cedo possível, para salvar mãe e bebé.

O problema é que as mulheres esperam demasiado tempo depois dos primeiros sinais de problemas. Tradicionalmente as mulheres guineenses dão à luz em casa, e normalmente uma mulher precisa do consentimento do marido ou da família antes de ir ao hospital. Tudo isto causa atrasos que podem ser fatais.

Normalmente as grávidas trabalham no campo até à última. Falta de transporte e clínicas regionais mal equipadas provocam ainda mais atrasos.

Na maternidade de Gabu, uma jovem espera uma cesariana. Passou três meses na "Casa das Mães" antes de dar à luz.

O dr. Minkibam, director do hospital, afirma que há grande diferença entre a mulher que chega da "Casa das Mães" e a que chega doutro qualquer lugar, onde nunca recebeu assistência nos 9 meses de gestação, e chega muitas vezes tarde e com grandes complicações. São estas a que perdem as suas crianças.

Na sala ao lado quatro mulheres estão deitadas de olhar perdido. Chegaram toda com grandes complicações e três já sofreram cesarianas. Nenhum dos bebés sobreviveu.

Barry diz que muita coisa mudou desde os tempos da sua mãe, que não teve as mesmas oportunidades que ela. A mãe ficou sempre em casa durante a gravidez e ali deu à luz os seus filhos.

A "Casa das Mães" não só presta assistência médica e alimentar necessária a mães em risco, mas oferece às grávidas um lugar para descansar e escapar às exigências físicas da vida rural.

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