A penetração do Islão não foi tarefa fácil aos comerciantes, feitos missionários em terras habituadas a fórmulas religiosas do Cristianismo de Roma ou de Alexandria, desde séculos no coração do Vale do Nilo.
O Jesuíta, Padre Francisco Álvares, deixou páginas que a história não apaga acerca das ruínas que viu e testemunhou nas margens do Nilo. O livro de Francisco Álvares "Verdadeira Relação das Terras do Padre João das Índias" foi escrito em 1520, ou por aí, durante a expansão missionária desta Ordem Religiosa nas Índias a pari passu com a expansão dos Portugueses naquelas terras no século de quinhentos.
Para os missionários Jesuítas e aventureiros portugueses do tempo o topónimo "Índias"começava a aplicar-se desde a Abissínia a Etiópia nossa para o resto das terras do Oriente. Na Etiópia, os Jesuítas estavam nesta "Índia dos Africanos junto ao Mar Vermelho terra na realidade dos ditos povos "hamito-cushitas" da historiografia do Continente. O escrito de Francisco Álvares tornara-se desde logo famoso e clássico para os estudiosos da história destas terras. Não seria arriscado dizer qualquer etíope escolarizado terá o conhecimento pelo menos da existência deste livro - talvez um pouco mais - mas vamos lá dizer que o Jesuíta fala-nos do que viu do que restava destes cristianismos nilóticos havia vários, entre ruínas e restos de igrejas e catedrais literalmente, é verdade, que havia aqui antes do Islão.
A geografia dos caminhos do cristianismo até estas paragens a mesma que daí a pouco (palmo a palmo) seria a desta crença religiosa do Mar Vermelho a Darfur e terras das montanhas de Kordofan e os Pântanos mais para o sul, e mais além através do corredor Nilo-sahariano para as terras da Bacia Sudânica.
O Islão desceu aqui a passo lento num ímpeto diferente daquele que caracterizara a entrada do Cristianismo mediterrâneo para estas terras. Comerciantes antes de mais nada que traziam não apenas a venalidade própria dos seus negócios mas ainda e por detrás, os intuitos de uma religião, da missionação na religião de Maomé, a seguir. Mas não foi tarefa fácil esta segunda incumbência dos comerciantes feitos missionários em terras habituadas a formulas religiosas diferentes Cristianismo de Roma, Alexandria e Bizâncio, mais para o norte da cultura mediterrânea, fórmulas religiosas essas ainda em existência.
O Islão enfrentou resistências no terreno por onde passou primeiro. Até 642,o credo de Maomé chegara ao Egipto. A data exacta seria três anos mais cedo, 639 diz a história. Mas Ukba-Ibn-Nafi, comandante supremo destas turbas aparece-nos no Egipto naquela primeira data. Restava muito caminho a percorrer para completar a conquista da cultura núbio-cristã no corredor nilótico até Atbara, a forquilha do grande rio africano ali a banhar os Grandes Lagos, para o sul.
Recordarem-se os ouvintes que nestas terras floresceram a Núbia, Meroe, Nepata feitos reinos cristãos séculos antes de ter aparecido na terra arábica o próprio Maomé, reinos estes também muito celebremente governados por monarcas convictamente nativistas: tal um Shasta, um Shabaka Piankhy e Taharka que Isaías profeta de Israel já conhecia e temia, é ele mesmo que no-lo diz quando adverte, profeticamente, o monarca israelita, Ezequias, para se acautelar dos avanços marciais de Taharka, rei dos negros, das paragens do Nilo:"…et audivi de Thaharca rege Aethiopum:egressus est ut pugnet contra te"…afinal, os teus adversários não são apenas os Assírios, sei também que Thaharca dos Etíopes está em marcha contra ti. Por tudo isto e muito mais, a conquista das terras do Nilo por onde o Islão iria começar a sua arrancada mais para o oeste para as terras da Bacia Sudânica, não seria tarefa fácil ainda que nas costas do comerciante do ferro extraído das fornalhas de Meroe.