Compareceu perante o tribunal, Kaing Guek Eav, mais conhecido por “Duch”, director do temido e famoso centro de detenção S21, onde milhares de pessoas tinham sido, alegadamente, detidas e torturadas, antes de serem conduzidas para os igualmente famosos Campos da Morte nos arredores da capital, onde eram executadas.
Conhecido professor da matemática, antes do seu indiciamento neste caso, Duch fez saber que não iria contestar as alegações perante o tribunal, o que poderá ter serias consequências para os outros líderes implicados no caso, que se espera possam ser trazidos ao tribunal, aprovado pelas Nações Unidas, ate o fim do ano, para responderem pelas mortes de um milhão e 700 mil pessoas, entre 1975-1979.
Michael Hayes, jornalista americano do jornal Phnom Penh Post, seguiu o processo judicial, passo a passo, durante os últimos 10 anos.
“As pessoas tem muito interesse neste processo em particular porque, na realidade, Duch já admitiu o seu envolvimento nas execuções de 16 mil pessoas, ou mais, no centro que administrava. Por essa razão, as pessoas estão realmente ansiosas por ouvir o que ele vai dizer, sendo esta, na realidade, a razão porque está a ser julgado em primeiro lugar…sendo o seu caso, na opinião das pessoas, o mais fácil a provar, alem dos demais implicados no processo… muitas são as provas contra ele…”
Todavia, as expectativas estão a ser frustradas por atrasos que a académica australiana, Helen Jarvis, afirma terem a sua origem na guerra fria, quando o Cambodja se encontrava no centro de um conflito político global. A dra. Jarvis tem estado ligada muito estreitamente ao governo cambojano, desde o inicio das negociações com as Nações Unidas para a adjudicação do caso por um tribunal internacional.
“Se contarmos desde 1979…são, na realidade, 30 anos desde que foi derrubado o regime Khmer Vermelho…30 anos de espera é muito tempo…muitas pessoas morreram….pessoas que desejavam ver a justiça cumprida antes da sua morte… outras pessoas…além das vitimas…sendo esta a razão porque devemos agora acelerar o processo o mais depressa possível….”
Apesar de ter passado muito tempo para a criação do tribunal, a académica australiana insiste em que o Cambodja deseja que os aliados de Pol Pot sejam julgados a fim de elevar a consciência do povo cambojano quanto ao significado de tudo aquilo para o país. Em todas as sondagens feitas até agora, diz Helen Jarvis, mais de 80 por cento cambojanos tem manifestado o seu apoio a esta iniciativa, enquanto 60 a 70 por cento doutros, tem afirmado estarem informados acerca dos trabalhos em curso. Todos dizem estar frustrados e cínicos, mas que desejam ver a justiça feita.
Os Cambojanos têm agora a oportunidade para compreenderem o que realmente aconteceu durante o Regime Pol Pot e os Khmer Vermelhos.