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Meio Milhão de Mauritanianos Vive em Escravatura


Organizações de direitos humanos na Mauritânia libertaram este ano da escravatura 43 homens, mulheres e crianças. As organizações disseram que apesar de haver muitas leis contra isso, a prática de trabalho forçado continua no país. O governo mauritaniano rejeita a acusação, mas algumas das vitimas recentemente libertadas falaram sobre as suas experiências.

Bilal Ould Rabah parece velho para os seus 28 anos. Forte e seco de carnes nasceu na escravatura e trabalhou a maior parte da sua vida sem ganhar para o seu patrão como guardador de vacas e empregado doméstico.

Rabah encontrou a liberdade este ano. Disse ao repórter da Voz da América, Seyid Ould, que a sua família foi dispersa quando ele era muito novo para servir diferentes patrões.

Disse que numa ocasião viu a sua mãe chorar e levou a Policia para a libertar, mas ela negou que estivesse a ser escravizada e ficou com o seu patrão.

Rabah conseguiu libertar as suas irmãs apresentando uma queixa a organização mauritaniana SOS-Slaves.

As Nações Unidas calculam que mais de meio milhão de mauritanianos vive hoje em escravatura.

Hane Mint Salem, de 45 anos, uma mãe de dois filhos, foi escrava até este ano quando foi libertada.

Ela disse que a sua família foi dispersa quando a sua avó foi vendida a uma diferente tribo. O seu primeiro marido foi obrigado a divorciar-se dela porque o seu patrão não o autorizava a levá-la para fora da sua comunidade.

Salem acrescentou que o seu segundo marido conseguiu escapar, mas ela foi agredida para que confessasse para onde ele tinha ido. Deixou os dois filhos e caminhou 50 quilómetros para o encontrar na próxima aldeia.

Para tentar libertar os seus filhos, reportou o caso. Mas disse que as autoridades locais ameaçaram po-la na prisão se ela aparecesse novamente. Por acaso encontraram um activista da SOS-Slaves que os levou para a cidade, onde esperaram ansiosamente durante quatro meses até que os seus filhos fossem libertados e voltassem a viver com eles.

Peritos dizem que os escravos na Mauritânia são provenientes de uma certa casta ou grupo étnico. Nascem na servidão. Qualquer dinheiro que ganhem deve ser entregue aos seus patrões. Quando morrem não podem deixar nada aos seus filhos, que nascem também como escravos.

A prática tem provado ser uma tradição difícil de acabar apesar de uma série de leis, algumas com mais de 40 anos, que proíbem isso. Uma nova e mais forte lei anti-escravatura foi aprovada no ano passado.

Mas Biram Ould Abeide, um activista da SOS-Slaves, disse que as leis anti-escravatura não são aplicadas na Mauritânia e que os proprietários de escravos não são punidos, sendo muito difícil erradicar aquelas práticas.

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