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Guerra no Congo em foco nos Jornais Americanos


A guerra no Congo foi o principal assunto africano em foco nos grandes jornais americanos durante a semana passada. A salientar, por exemplo, uma extensa reportagem do New York Times publicada Domingo sobre a pilhagem dos recursos naturais do país por "tropas renegadas" e ainda uma outra do Washington Post sobre o recrutamento de crianças soldados por parte dos rebeldes.

A extensa reportagem do New York Times era datada de Bisie no Congo e assinada por Lydia Polgreen em que esta afirmou que as riquezas de África são a sua "maldição".

"A riqueza é extraída pelos pobres, controlada pelos fortes e depois vendida a um mundo que em grande parte ignora as suas origens," escreveu Polgreen.

Uma outra reportagem de Stephanie McCrummen do Washington Post datada de Nyongera foi particularmente tocante, descrevendo a pobreza das populações cujos magros haveres são agora pilhados por soldados governamentais, por milícias renegadas e forças rebeldes. A reportagem era titulada "Os pobres do Congo perdem as ultimas possessões".

O New York Times escolheu na semana passada opinar também sobre a guerra no Congo. O jornal dúvida que as acções do líder rebelde Laurent Nkunda sejam apenas para defender a população Tutsi de ataques de Hutus como ele reivindica. Disse o jornal suspeitar que "as suas ambições são maiores do que isso".

"Ou Nkunda espera derrubar o fraco governo eleito do presidente congolês Joseph Kabila ou então pelo menos espera ganhar controlo da região leste", opinou o New York Times

No seu editorial titulado "A sombra do Ruanda" o New York Times disse que é a vasta riqueza mineral do Congo que está a alimentar a guerra pelo que "dirigentes africanos, a ONU, os Estados Unidos e a China, (um dos grandes investidores regionais) devem pressionar todas as partes a aplicar um acordo de paz alargado e não apenas mais um instável cessar fogo".

"A comunidade internacional falhou em impedir o genocídio do Ruanda e prometeu não deixar que isso aconteça de novo. Será que o mundo se esqueceu disso tão rapidamente?" interrogou o New York Times.

SADC "PROLONGA MISÉRIA" NO ZIMBABWE

O mesmo jornal publicou também na semana passada um editorial sobre a situação no Zimbabwe que versava a recente cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, SADC, convocada para tentar quebrar o impasse sobre a distribuição de pastas num governo do partido do presidente Robert Mugabe e da oposição liderada por Morgan Tsvangirai.

Esse impasse, recorde-se, deve-se ao facto do Presidente Mugabe reivindicar para si as pastas da defesa e do interior. A oposição quer controlar a pasta do interior para contrabalançar o controlo da defesa por parte do governo.

Opinou o New York Times que o acordo de divisão de poder negociado em Setembro só pode ter sucesso se essas duas pastas forem divididas entre os partidos de Mugabe e Tsvangirai.

"Isso é essencial já que foi a violência e do exercito e da polícia que levou Tsvangirai a abandonar a segunda volta das eleições presidenciais criando o actual impasse político," disse o New York Times.

Para este influente diário "agora que os vizinhos do Zimbabwe falharam, os Estados Unidos, Europa e outros terão que aumentar a pressão sobre Mugabe e os seus capangas, negando vistos e congelando bens".

Todas as formas de ajuda e reconhecimento devem ser suspensas "até Mugabe concordar em compartilhar o abandonar o poder", disse o jornal que acrescentou que os países da SADC tinham tido a oportunidade nessa cimeira de pressionar Mugabe.

Em vez disso, acrescentou os dirigentes regionais permitiram que Mugabe "continue com a sua má governação e garantiram mais miséria para o seu povo".

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