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“África Cúmplice de Mugabe” – New York Times


O aumento da violência na parte leste do Congo foi o tema africano que mais dominou os jornais americanos da semana passada. Os temas foram os mais variados com especial ênfase para a guerra na zona leste da Republica Democrática do Congo.
A salientar, contudo, um editorial do influente New York Times intitulado o "Zimbabwe Espera". O editorial versava o fracasso de se alcançar um compromisso na distribuição de pastas governamentais num governo da ZANU de Robert Mugabe e da oposição liderada por Morgan Tsvangirai e não foi lisonjeiro para com os países da região.
"O Presidente Robert Mugabe é responsável por grande parte do sofrimento terrível do Zimbabwe,"afirmou.
"Mas os dirigentes de África serão julgados cúmplices enquanto continuarem a permitir que Mugabe e os seus capangas os intimidem a ficarem calados com declarações falsas sobre o anti-colonialismo e a soberania nacional," acrescentou.
O editorial do New York Times fez notar o fracasso de uma recente cimeira envolvendo a África do Sul, Angola, Moçambique e Suazilandia e um comunicado afirmando a "preocupação" sobre o desacordo quanto á distribuição de pastas. O New York Times disse esperar que esse palavreado diplomático tenha por detrás um senso de urgência e de revolta que finalmente galvanize todos os dirigentes da África Austral a actuarem efectiva e rapidamente.
Até lá, disse o jornal devem ser mantidas as sanções contra os membros do governo de Mugabe.
A cisão dentro do partido no poder na África do Sul o Congresso Nacional Africano mereceu uma extensa reportagem e análise por parte do correspondente Barry Bearak que fez notar que a cisão levou já a insultos mútuos incluindo acusações que Mbhazima Shilowa, um dos dirigentes que se afastou do ANC, "gosta de whisky e charutos". Mas se há muito tempo se falava de uma possível divisão entre uma ala de esquerda e outra mais conversadora este não parece ser o caso. Escreveu Bearak:
"Na verdade é difícil dizer qual é a razão da luta,"disse o articulista. "Obviamente que há um confronto titânico de personalidades e lealdade; mas é muito mais ambíguo saber-se se grandes princípios estão em causa,' escreveu o correspondente do New York Times para acrescentar que "o ANC orgulha-se de abranger um vasto leque ideológico ao seu nível mais alto que envolve não só comunistas doutrinários como empresários milionários."
"Mas como em qualquer grande família há também raízes profundas e anos de ressentimentos que não foram esquecidos ou perdoados. A causa comum da luta de libertação deu lugar ao trabalho árduo de se governar. Alguns camaradas receberam bons empregos outros foram deixados para traz.," escreveu Barry Bearak na sua reportagem titulada "Discórdia no principal partido da África do Sul semeia as sementes de um rival".
Bearak disse que para o ANC e para um novo partido o grande desafio será ganhar um eleitorado que já não dá tanta importância à libertação e sim à luta contra a pobreza.
Já Stephanie McCrummen do Washington Post, escreveu uma extensa reportagem datada de Goma na parte leste da Republica Democrática que foi cenário nos últimos dias de uma ofensiva de forças rebeldes liderada por Laurent Nkunda.
A reportagem é clara numa questão. O exército governamental é indisciplinado, desorganizado e é inimigo das populações que supostamente deveria proteger. Escreveu McCrummen que "depois de abandonarem a sua luta contra forças rebeldes, soldados congoleses começaram na Quinta Feira a roubar dinheiro, telefones celulares, galinhas e cabras aos residentes e aos dezenas de milhar de deslocados na cidade."
"Com esta importante cidade provincial praticamente cercada por rebeldes, os soldados governamentais exaustos e sem direcção vagueiam pelas ruas à procura de bebida, alimentos e cigarros," acrescentou.
A repórter do New York Times deu depois exemplo concretos como o caso de dois soldados que assassinaram um residente que se recusou a dar lhes o seu telefone celular e um médico e duas mulheres mortos em razão aparente em sua casa.

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