Meses de abrandamento da
economia dos Estados Unidos contribuíram para a redução das verbas que os
imigrantes e os trabalhadores estrangeiros vivendo na América enviam para as
famílias que se encontram nos países de origem.
Se adicionarmos a isto, as
semanas da crise financeira que tem abalado o sistema bancário mundial, os
imigrantes estão a sentir os problemas que afectam a Wall Street.
Os dados oficiais revelam a
redução a nível mundial das remessas dos emigrantes. O Banco Inter Americano do
Desenvolvimento, que analisa as economias Latino Americanas e das Caraíbas,
divulgou em Março passado que o montante dos fundos enviados para casa por milhões
de latino americanos que trabalham no estrangeiro cresceu o ano passado ao
índice mais baixo de quase uma década.
Aquela instituição atribui
isto em parte ao abrandamento da economia dos Estados Unidos, com o Banco Inter
Americano do Desenvolvimento a sublinhar, por exemplo, que os envios de verbas
feitos para o Brasil baixou cerca de quatro por cento, enquanto os enviados
para o México aumentaram apenas um por cento.
O montante global enviado
para os países de origem por parte dos Latino Americanos foi enorme –cerca de
sessenta e seis mil milhões de dólares – mas mesmo assim muitos analistas e
especialistas manifestam preocupação quanto ao futuro.
O economista Walter Kemmsies
sustenta que faz sentido a baixa das remessas a partir dos Estados Unidos, em
especial para o México. Mais de vinte
por cento dos emigrantes mexicanos trabalha na construção civil.
'Suspeito que muitos dos
trabalhadores da construção civil são ilegais, e com o abrandamento do sector,
as entidades empregadoras deixaram de dar trabalho aos temporários. Isto
constitui uma explicação para uma boa parte da descida.'
Kemmsies, o principal
economista de uma empresa de engenharia, adianta que as dificuldades
económicas, bem como o aumento da fiscalização por parte da imigração contribui
para o declínio das remessas a partir dos Estados Unidos.
Muitos imigrantes na área de
Nova Iorque referem que tiveram recentemente de reduzir as despesas.
Um desses imigrantes, um
albanês, sustenta ter sido particularmente afectado pela crise do mercado
habitacional.
Como gestor de uma empresa
imobiliária sustenta ser esta uma das piores crises económicas que tem
presenciado nos Estados Unidos nos quarenta anos que aqui vive.
'Tivemos de reduzir o apoio
as nossas famílias em cinquenta por cento. Não tem sido fácil, por que temos
familiares a quem prestamos apoio há trinta anos.'
Kabir Syed trabalha numa
empresa de seguros em Nova Iorque. Embora não envie regularmente dinheiro para
a Índia, sustenta ter poupado para dias difíceis, tal como muitos outros
indianos que vivem nos Estados Unidos.
Syed acredita que a
comunidade indiana não será afectada como outros grupos de imigrantes.
'Muitos indianos fazem tradicionalmente
grandes poupanças, enviando apenas uma pequena quantidade. Não deverá ter
grande impacto nas remunerações, por ser feito numa base mensal. Não terá
grande impacto como na comunidade imigrante mexicana, essencialmente
constituída por assalariados ou trabalhadores da construção civil.'
O economista Kemmsies
sustenta que será cada vez maior o numero de nova iorquinos a sentir os efeitos
das falências, fusões e consolidações no sector financeiro, particularmente em
muitos imigrantes que trabalham nas industrias do sector de serviços.
As remessas globais dos
trabalhadores estrangeiros constituem cerca de trezentos mil milhões de dólares
anuais – três vezes mais da ajuda estrangeira atribuída pelos governos ao mundo
em desenvolvimento.
A maior parte desta verba –
mais de 42 mil milhões de dólares é proveniente de imigrantes que trabalham aqui
nos Estados Unidos.