Cabo Verde, as Maurícias as Seychelles encontram-se entre as nações mais bem governadas de toda a África Sub-Sahariana, de acordo com um estudo que acaba de ser tornado público. O Sudão, a República Democrática do Congo, a Somália e Angola aparecem no fim da lista.
A cada ano que passa. Entre todos, a Libéria é o país que maiores progressos está a registar no sentido da boa governação. No outro extremo da escala, um pequeno grupo de países, particularmente aqueles que têm sido palco de guerras, estão a fracassar. A Somália, ingovernável há mais de uma década, classificou-se em último lugar entre os 48 países considerados neste estudo para avaliar a boa governação, efectuado pelo Instituto Mo Ibrahim, criado pelo indivíduo do mesmo nome, o investidor sudanês que fez fortuna no sector dos telemóveis, na última década. O Índice de Boa Governação do Instituto Mo Ibrahim baseia-se numa base de dados de 2006 analisados por peritos da Escola de Governo John Kennedy, da Universidade de Harvard.
Ibrahim está agora a aplicar grande parte da sua fortuna e do seu tempo para chamar a atenção para o que considera ser um dos maiores fracassos do continente africano: a má governação.
Uma das mais perturbadoras conclusões do estudo é a de que a qualidade da governação piorou entre 2005 e 2006 no Corno de África e na região circundante, incluindo o Sudão.
Salim Ahmed Salim, antigo líder da OUA e primeiro-ministro da Tanzânia, participou na conferência de imprensa em que Ibrahim Mo apresentou os resultados do estudo. Disse Salim:
”Fala-se de conflitos. Fala-se da Somália. Fala-se da actual situação na Somália que afecta a Etiópia. Fala-se da situação entre a Etiópia e a Eritreia. Fala-se do Sudão, que está envolvido na deterioração da situação. Em suma, o problema número um que tem afectado a região têm sido os conflitos”.
Ibrahim Mo admite que o Índice de Boa Governação não é perfeito por duas razões. Primeiro porque os dados são muitas vezes fornecidos pelos países visados e, disse ele, os governos mentem. E depois a imagem está datada porque os números estatísticos se referem a 2006. Mas, admitiu também que se trata de um importante instrumento de análise, dando aos governos uma avaliação da qualidade de serviços fornecidos aos seus cidadãos. Ibrahim disse que começou a considerar formas de reinvestir os milhões que fez com a sua companhia Celltel, reconhecendo que a boa governação é uma das prioridades principais. Disse Ibrahim: “Podia ter dado este dinheiro aos que se encontram nos acampamentos de Darfur, para procurar uma vacina para a SIDA. Tudo isto são paliativos e o que necessitamos é definir as raízes do conflito. Porque é que aconteceu Darfur. Porque é que aconteceu a Somália. Porque é que aconteceu a República Democrática do Congo. Nós queremos saber as razões para os conflitos e não dar apenas aspirinas. Foi por isso que decidi criar esta fundação.”
Na lista deste ano, as Maurícias aparecem em primeiro lugar, seguida das Seychelles, de Cabo Verde, do Bostwana e da África do Sul. No fim da tabela das 48 nações, aparece como o país com a pior governação a Somália, tendo por companhia um grupo de que faz parte Angola, a República Democrática do Congo, o Chade, o Sudão e a República Centro Africana.
O índice baseia-se em cinco critérios para avaliar a boa governação: segurança, respeito pela lei, transparência e corrupção, participação e direitos humanos, oportunidade económica e desenvolvimento humano.