Links de Acesso

O Carregamento Não Nos Pertence


Em declarações à VOA, o chefe do estado maior do exército do sul do Sudão, o general Deng Ajak, afirmou que o antigo grupo rebelde nada tem a ver com o carregamento de 33 tanques usados de fabricação russa assim como com outro material de guerra que se encontrava a bordo dum cargueiro ucraniano que caiu nas mãos de piratas quando navegava na costa da Somália.

“Esse carregamento não nos pertence. Todos os documentos o indicam, inclusivamente os próprios quenianos anunciaram publicamente que esse material lhes pertence”.

Questões acerca do tipo de mercadoria e acerca do seu destino começaram a surgir depois dos piratas somalianos se terem apoderado do navio na quinta-feira passada quando o mesmo se dirigia para o porto queniano de Mombaça.

Os piratas exigem o pagamento de 20 milhões de dólares para a libertação do barco e dos seus 20 tripulantes. No entanto esta segunda feira, a marinha de guerra americana afirmou supor que o destino final do carregamento fosse o Sudão e não o Quénia.

Entretanto um responsável do porto de Mombaça, Andrew Mwangura, disse à imprensa que os piratas encontraram documentos demonstrando que os tanques do tipo T-72, lançadores e granadas e baterias antiaéreas se destinavam ao sul do Sudão.

A mesma fonte acrescentou que quatro outros carregamentos semelhantes com destino ao sul do Sudão passaram por Mombaça durante o último ano. No entanto a imprensa queniana cita um porta-voz do governo de Nairobi repudiando as declarações de Mwangura e insistindo que o material de guerra se destinava às forças armadas quenianas.

Mwangura disse ainda estar convencido de que as informações que deu deviam ser extremamente sensíveis visto ter recebido um telefonema do próprio chefe da polícia de Mombaça.

“O comissário telefonou-me e disse-me: não fale à imprensa sobre este assunto. Não percebo porque é que eles querem abafar a história”.

Embora a entrega de tanques e outro material de guerra ao sul do Sudão não viole as leis do comércio internacional de armamentos, a mesma poderá fazer descarrilar o acordo de paz firmado entre os rebeldes e Cartum em 2005 pondo termo a 20 anos de guerra civil.

O acordo afirma que qualquer das partes deve informar a outra, antes de efectuar aquisições de material de guerra. O acordo confere igualmente autonomia ao sul do Sudão até 2001, altura em que será realizado um referendo acerca da secessão daquela região sudanesa. Contudo as principais reservas petrolíferas do país encontram-se precisamente no sul e teme-se que o governo de Kartum, que tem vindo ultimamente a comprar armamentos à Rússia e à China, não permita a existência de um estado independente no sul.

XS
SM
MD
LG