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Filho de ex-presidente liberiano julgado nos Estados Unidos


O filho do ex-presidente liberiano, Charles Taylor está a ser julgado, no estado americano da Flórida por alegadas violações dos direitos humanos cometidos durante a guerra civil, na Libéria.

Entre as acusações que impendem sobre Chuckie Taylor figuram actos de tortura, com recurso a cigarros e ferro em brasa, choques eléctricos e espancamentos das vitimas.

Os alegados crimes terão sido cometidos pelo filho do ex-presidente liberiano, na qualidade de então chefe dos serviços de segurança da Libéria, durante a presidência de Charles Taylor.

Chuckie Taylor ficou igualmente conhecido pela sua postura intimidatória, de perseguição e eliminação de membros da oposição liberiana.

A acusação americana conta arrolar durante o julgamento como testemunhas cidadãos liberianos, alguns actualmente residentes nos Estados Unidos e na Europa, para sustentar a acusação dos abusos cometidos, por Chuckie Taylor durante a guerra civil na Libéria.

O caso judicial em questão foi instaurado com base da lei anti-tortura americana de 1994, que permite que suspeitos de prática de tortura, ainda que cometidos noutras partes do mundo, sejam julgados aqui nos Estados Unidos.

Mas Hadar Harris directora executiva do Centro dos Direitos Humanos e de Leis Humanitárias da American University, em Washington, relembra que apesar dos seus 14 anos de existência, a lei em questão nunca antes tinha sido invocada.

“Desde 1994 que este estatuto não tinha sido ainda usado . Ninguém tinha ainda sido indiciado de tais crimes, com base na legislação em questão, a qual permite levar a julgamento indivíduos que tenham cometido actos de tortura fora dos Estados Unidos, sejam eles cidadãos americanos ou não.”

Para esta investigadora a procuradoria federal da justiça recusara no passado e em várias ocasiões recorrer a lei anti-tortura, para julgar a suspeitos de nacionalidade estrangeira radicados inclusive, aqui nos Estados Unidos.

Para esta especialista, o facto de se recorrer agora, a legislação em questão, para julgar o filho de um ex-presidente africano, vai suscitar a atenção mundial, para o caso.

Tania Bernath, investigadora da secção da Amnistia Internacional para a Libéria, entende que apesar de Chuckie Taylor ser considerado o mais brutal dos líderes dos esquadrões de tortura, da era de Charles Taylor, os liberianos estão menos preocupadas com o processo judicial em curso nos Estados Unidos, e mais concentradas nos esforços judiciais internos, no sentido de se levar perante a justiça, os responsáveis pelas violações dos direitos humanos, durante a guerra civil naquele país da África Ocidental.

“ Eles exigem justiça. Querem que a justiça seja feita, com recurso ao sistema judicial liberiano. Mas reconhecem por outro lado, o quão gigantesco são os desafios, para se conseguir tornar real essa possibilidade”.

Bernath diz ainda que o governo da Libéria tem estado a identificar personalidades e figuras alegadamente envolvidos em casos de violações dos direitos humanos, para o eventual encaminhamento dos respectivos casos à justiça liberiana.

Apesar do debate actual centrar-se na conveniência ou não dos acusados fazerem face à justiça, nos países onde teriam cometido os alegados crimes, Hadar Harris da American University parece não ter dúvidas, quanto ao caso Chuckie Taylor , que acabará por constituir uma importante mensagem ao mundo.

“Os Estados Unidos devem liderar como exemplo, na acusação judicial de indivíduos que tenham cometidos tais tipos de abusos.”

Recorde-se que Chuckie Taylor, filho do antigo presidente liberiano está igualmente sob a investigação do Tribunal Especial para a Serra Leoa, com sede em Haia, na Holanda, instância penal internacional, onde por sinal Charles Taylor, seu pai está igualmente a ser julgado.

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