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Nas Negociações do Zimbabwe, Quem Vai Ficar com o Poder Real


O início das negociações em Pretória entre o partido no poder e a oposição do Zimbabwe mereceu um editorial do NY Times em que afirmou que o sucesso destas negociações está longe de estar garantido pelo que é necessário manter a pressão para um sucesso.

O NY Times define esse sucesso como a repetição supervisionada das eleições ou uma transição que leve à rápida partida de Mugabe e à tomada do poder por Tsvangirai. Adiantou o jornal: “Mugabe é um mestre em atear o ressentimento racial e em culpar o ocidente pelos seus muitos falhanços. Os dirigentes africanos que há muito tempo têm sido demasiado tolerantes de Mugabe têm agora que pressionar tanto Mugabe como Mbeki para uma resolução justa e rápida”.

O NY Times opinou que a administração Bush deve continuar a aumentar as sanções e a encorajar outros a fazerem o mesmo, acrescentando que se as negociações falharem, os Estados Unidos deveriam encorajar todos os países a reconhecer Tsvangirai como chefe de um governo legítimo no exílio.

O NY Times exortou também países como a Rússia, China e África do Sul a tomarem uma posição firme na questão zimbabweana recordando que há 30 anos atrás o mundo exigiu o fim do terror político e o estabelecimento do governo de maioria no Zimbabwe. Acrescentou o jornal: “Onde estão esses países agora que Robert Mugabe decidiu desafiar o conceito de governo de maioria que o levou ao poder, fazendo uso do terror político para se impor como ditador vitalício? Se esses países não conseguem reconhecer que traíram vergonhosamente o povo do Zimbabwe, o presidente Bush e o resto do mundo precisam de lhes lembrar isso”.

A correspondente Celia Dugger escreveu por seu turno uma reportagem ditada de Joanesburgo sobre o início das negociações, em que afirmou que a grande questão das negociações é a de quem acabará com o poder executivo.

Dugger avisou que “o colapso das conversações poderá levar à aceleração da implosão da economia do Zimbabwe e à fuga de milhões de pessoas para os países vizinhos com um possível efeito destablizador da região”.

Celia Dugger faz notar que há receios que o partido de Mugabe consiga fazer ao Movimento para a Mudança Democrática o que fez nos anos 80 a Zapu de Joshua Nkomo, que foi dizimada por uma campanha militar e teve que aceitar a fusão com a Zanu de Mugabe.

Escreveu Dugger: “As actuais conversações foram também precedidas de uma campanha violenta. De acordo com médicos que trataram os feridos e contaram os mortos desde Abril, milhares de apoiantes de Tsvangirai foram atacados pelas forças de Mugabe e mais de cem foram mortos, o que dizimou a liderança da oposição no nível das bases”.

A correspondente do NY Times fez também notar no seu artigo que um dos aspectos interessantes desta crise é o facto dos dirigentes da Zâmbia e Botswana terem quebrado o muro de silêncio dos homólogos de Mugabe na região sobre a questão de direitos humanos.

Dugger disse que “as declarações do Botswana têm peso moral. As suas tradições democráticas vêm de varias décadas bem como a sua reputação de gastar a sua riqueza dos diamantes em melhorar o bem estar público e não em enriquecer a elite governamental”.

Acrescentou a correspondente do NY Times: “As declarações públicas do Botswana e Zâmbia constitui um desafio serio à chamada diplomacia silenciosa levada a cabo pelo dirigente mais poderoso da região, o presidente Thabo Mbeki da África do Sul, que está a mediar as actuais conversações. Mbeki tem resistido a pressões domésticas para criticar Mugabe, cumprimentado-o repetidamente nos últimos meses com apertos de mão e sorrisos”. O artigo de Celia Dugger era titulado: “Nas Negociações do Zimbabwe, Quem Vai Ficar com o Poder Real”.

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