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União Africana “Encoraja” ao Diálogo no Zimbabwe


A Cimeira da União Africana encorajou Robert Mugabe, do Zimbabwe, a formar um governo de unidade nacional com o líder da oposição, Morgan Tsvangirai. O comunicado final da Cimeira toma posição acerca da segunda volta das presidenciais no Zimbabwe, que muitos governos ocidentais consideraram uma farsa.

Uma resolução aprovada durante a cimeira, depois de horas de, por vezes, acesa confrontação, evita muitas das difíceis questões levantadas por aquelas eleições no Zimbabwe. E não aprova os resultados e nem responsabiliza ninguém, não fazendo referência à vaga de intimidação que fez com que observadores e muitos governos ocidentais declarassem como ilegítima a cerimónia de posse de Mugabe como presidente .

A resolução final encoraja Mugabe e o líder Movimento para a Mudança Democrática, Morgan Tsvangirai a entrarem em diálogo e a apoiarem a ideia de um governo de unidade nacional ao estilo do Quénia.

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio, Hossam Zaki, disse a jornalistas que a resolução foi adoptada por consenso, durante uma reunião à porta fechada. Disse Zaki:“ Houve um longo debate. Foram expressos muitos pontos de vista, incluindo perspectivas muito críticas do partido no poder no Zimbabwe e do seu presidente. E o presidente do Zimbabwe fez uma longa intervenção, na qual explicou a sua posição, a posição do seu partido e os acontecimentos que tiveram lugar no Zimbabwe nas últimas semanas e meses e que levaram à presente situação.”

A resolução encoraja também a SADC a prosseguir os seus esforços de mediação. A resolução foi muita mais branda do que vários países pretendiam.

Diplomatas que estiveram envolvidos no encontro à porta fechada afirmam que os líderes do Botswana, Nigéria, Libéria e Serra Leoa utilizaram termos duros para sublinhar a falta de legitimidade das eleições.

O Botswana, país vizinho do Zimbabwe, argumentou que o Zimbabwe e Mugabe deveriam ser impedidos de pertencer à União Africana e à SADC.

O Senegal e o Uganda favoreceram também uma iniciativa dura contra Mugabe, em vez da posição relativamente neutra assumida na declaração final.

O debate pôs a nú as profundas divisões entre os países vizinhos do Zimbabwe sobre a forma como responder à atitude de desafio de Mugabe face à democracia. A África do Sul, um poder regional, tem resistido em fazer quaisquer críticas a Mugabe.

No início do dia de terça-feira, o porta-voz de Robert Mugabe rejeitou as críticas dos países ocidentais sobre o processo eleitoral. O porta-voz, George Charamba disse que o Ocidente não tem legitimidade para julgar as eleições que reconnduziram Mugabe à presidência. Disse Charamba: “Eles podem ir dar uma volta! Podem dar uma volta, mil vezes! Eles não tem quaisquer direitos sobre o Zimbabwe, de todo, e essa é a questão fundamental”.

Quando os jornalistas perguntaram se Mugabe daria algum poder a Tsvangirai, Charamba sugeriu que o actual presidente não tenciona ceder a pressões externas. Disse ele: “A saída é uma saída definida pelo povo do Zimbabwe, livre de interferências externas e é exactamente isso que irá resolver a questão.”

A situação política no Zimbabwe e a presença de Mugabe sobrepuseram-se completamente à agenda inicial desta Cimeira da União Africana. Os debates sobre os objectivos da luta contra a pobreza e as metas do desenvolvimento foram virtualmente ignorados.

Cerca de 30 chefes de Estado e de governo de África participaram nesta Cimeira de dois dias, que decorreu na estância turística egípcia de Sharm el-Sheik, junto ao Mar Vermelho.

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