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Mudar o Rumo da Política Externa Americana


O presumível candidato presidencial pelo Partido Democrático, Barack Obama, disse que mudará o rumo da política externa dos Estados Unidos se for eleito presidente. As posições de Obama sobre a matéria tem sido fortemente criticadas do seu rival republicano, John McCain, nomeadamente o seu desejo de se encontrar com lideres de países hostis.

O senador Barack Obama promete um novo rumo na política externa dos Estados Unidos: desde a retirada das tropas americanas do Iraque, ao encerramento da prisão da Baia de Guantanamo, na ilha de Cuba. Em discursos de campanha, tornou claro que ira romper com as políticas externas da administração Bush.

"Quero uma mudança fundamental. Altura de virar a pagina sobre como agir e dizer ao mundo que estamos prontos para liderar. Estamos prontos para liderar através de actos e exemplos".

Especialistas dizem que os pontos de vista de Obama reflectem algumas das posições em política externa de anteriores presidentes, particularmente do Partido Democrático. Presidentes tais como Harry Truman e John Kennedy realçaram a necessidade do crescimento económico e desenvolvimento noutros países, como a melhor forma de promover os valores americanos, a democracia e os direitos humanos.

Peter Beinart, do Conselho para as Relações Externas, afirma que Obama encaixa-se nessa tradição que começou no principio do século 20 com o presidente Woodrow Wilson.

"Há uma percepção em Obama, fazendo eco com Woodrow Wilson, da ideia de que estamos num mundo de ameaças comuns. Coisas como aquecimento global, ameaças de saúde publica, instabilidade económica, ameaçam-nos tal como outros países, pelo que eles devem ser lidados através da cooperação. Nesse sentido, os nossos interesses de segurança serão melhor preservados através de esforços de cooperação do que através de conflito."

Barack Obama promete, se for eleito, uma retirada faseada das tropas americanas do Iraque, a ter inicio imediatamente após a sua tomada de posse. O seu plano é retirar uma ou duas brigadas de combate por mês, e ter todas as brigadas de combate fora do Iraque em 16 meses, embora tenha acrescentado que não vai retirar todas as forças americanas.

Sobre as ambições nucleares do Irão, Obama difere da política da administração Bush, ao advogar conversações directas com Teerão, sem pré-condições. Mas também tomou uma posição de linha dura similar a da actual administração norte-americana, quando fez uma promessa ao grupo lobista pro-Israel, o Comité dos Assuntos Públicos Americano-Israelita.

"Farei tudo o que estiver ao meu alcance para evitar que o Irão obtenha uma arma nuclear. Tudo".

As suas fortes palavras destinaram-se a conter as criticas do seu rival republicano John McCain. McCain denunciou Obama como um ingénuo e um inexperiente em matérias de política externa, ridicularizando repetidamente o seu desejo de se encontrar com adversários estrangeiros, tais como o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad.

"Os americanos devem estar preocupados pela posição de um candidato presidencial que diz estar pronto para dialogar e sem quaisquer condições com tiranos de Havana a Pyongyang."

Obama rejeitou tais criticas, citando as acções de anteriores presidentes, incluindo o republicano Ronald Reagan que se encontrou varias vezes durante a Guerra Fria com o líder da antiga União Soviética, Mikhail Gorbachev.

Mas os apoiantes de Obama afirmam que o seu passado – a sua herança racial mista com raízes do lado do seu pai em África e o ter vivido parte da sua infância na Indonésia – dá-lhe uma perspectiva única na condução da política externa. Durante a campanha eleitoral nas primarias, Obama disse que embora alguns dos seus rivais tenham conhecido e encontrado lideres estrangeiros, ele sabe como pessoas normais vivem em diferentes partes do mundo.

O especialista em política externa dos Estados Unidos, Peter Beinart, sublinhou que alguns anteriores presidentes americanos tiveram laços com o estrangeiro, principalmente com a Europa. Contudo, no caso de Obama, disse Beinart, a sua experiência de ter vivido num país subdesenvolvido como a Indonésia poderá alterar o foco da política externa americana.

E poderá ser esse passado não habitual – tanto racialmente como em termos de experiência formativa – que está a levar as pessoas no estrangeiro a interessarem-se tanto por Barack Obama e pelo progresso da campanha presidencial deste ano.

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