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Angola: Abrandamento Económico Não É Para Já


Os níveis de crescimento económico que se registam actualmente em Angola deverão continuar assim por mais algum tempo, disse à Voz da América, Ricardo Gazel economista sénior da delegação do banco mundial em Angola. Abordado a propósito de um relatório atribuído ao Banco Mundial que dá conta de uma desaceleração já em 2008, e de uma acentuação em 2009, Ricardo Gazel disse que ser difícil prever um cenário desta natureza nas condições actuais: ”Em 2008, a não ser que haja uma queda acentuada do preço do petróleo, ou um problema nos níveis de produção em Angola, eu acredito que a economia de Angola vai crescer mais do que em 2007. Em 2007 cresceu 23 por cento, e em 2008 o crescimento deverá andar à volta de 25 ou 26 por cento, dependendo tudo, da variação do preço do petróleo e dos níveis de produção”.

Ricardo Gazel não arrisca nenhuma previsão para 2009, quanto mais não seja porque a economia angolana tem uma dependência muito grande do petróleo: “O relatório a que se referiu foi feito o ano passado, quando ninguém esperava que o barril hoje estivesse acima dos 130 dólares. Se o preço do petróleo se mantiver relativamente estável no próximo ano ,comparado com 2008, até porque a produção não deve aumentar muito, pois ela está a chegar a um nível de estabilidade, então aí sim teremos uma desaceleração no nível de crescimento, o que não significa que a economia venha a crescer negativamente, ou que venha a estagnar. Ela deixará a de crescer a níveis tão grandes“.

Fonte oficial angolana indagada a este propósito observou o facto de que as estatísticas de crescimento do sector petrolífero terem como referência o aumento da produção, e não a variação de preços. Esta variante permite que Angola tenha hoje reservas externas estimadas em 15 mil milhões de dólares, sendo que nos últimos 4quatro meses, Angola registou a entrada de quatro mil milhões, ou seja, mil milhões por mês.

Ricardo Gazel disse que o abrandamento económico chegará, mas isto não significa necessariamente o caos: ”No ano passado, Angola chegou acima de 50 mil milhões de dólares em termos de PIB, e este ano deverá chegar aos 70 mil milhões de dólares, ou seja, está chegando ao nível alto. A economia vai crescer menos, mas falo-á a partir de uma base ampla e maior >.

Enquanto isso, fonte oficial angolana disse que o lançamento de uma segunda geração de projectos de reconstrução deverá assegurar por mais alguns anos, níveis de crescimento económico relativamente altos. De acordo com as nossas fontes as companhias petrolíferas baseadas em Angola estão apenas a meio do ciclo de investimentos, logo, a produção não vai baixar. Para todos os efeitos, o Banco Mundial acredita que mesmo um país como Angola não pode descurar questões como a diversificação de investimentos.

Diz, a propósito, Gazel: “O importante para Angola é não ser tão dependente do petróleo como é hoje, especialmente porque o petróleo é uma actividade intensiva de capital. Com os níveis de pobreza e de desemprego que Angola tem , seria importante diversificar a economia apostando em sectores que sejam mais intensivos em termos de mão de obra, para se conseguir uma melhor distribuição do rendimento”.

Segundo a opinião de Gazel, a agricultura reúne os “ingredientes” para resultar em sucesso. Tem mão de obra disponível, terras aráveis e goza de boa quantidade de chuvas. “O que se deve fazer é dar condições para que isso aconteça, especialmente na área de infra-estruturas”, nota.

Além da diversificação de investimento, Ricardo Gazel recomenda também a continuação de projectos tendentes a uma melhor distribuição da riqueza. Diz ele: “ O governo tem bastantes programas de apoio a ex-combatentes e deslocados, tem programas de suporte às populações mais pobres investindo bastante na área de treinamento de pessoal, e agora coloca maior enfoque na criação de incentivos à diversificação da economia, na interacção de sectores que são incentivos de mão de obra, e faz um investimento grande na área social”..

Gazel toma estes passos como referências de um processo que leva tempo e que cujos resultados não acontecem de dia para noite. “É importante que o governo esteja consciente e que a população também esteja consciente, pressionando e recebendo os benefícios de um riqueza que pertence a todo povo angolano”, sublinhou Gazel em entrevista à VOA.

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