Os EUA afirmaram, ontem, que irão fornecer sete milhões de dólares para ajudar a monitorizar a segunda volta das eleições presidenciais no Zimbabwe. O anúncio antecede um previsto apelo conjunto a lançar no âmbito da Cimeira EUA-Europa para ser enviada para o Zimbabwe uma missão de observação das Nações Unidas.
A administração do presidente George Bush tem vindo a pressionar os países africanos e as organizações internacionais a incrementarem o número de observadores à segunda volta das eleições presidenciais no Zimbabwe.
Para o efeito, Washington prometeu desembolsar para cima de sete milhões de dólares, em apoio ao processo de monitorização das eleições naquele país da África Austral.
O anúncio do apoio de Washington coincide, precisamente, com notícias que dão conta do agravamento do número de casos de perseguição dos simpatizantes da oposição e de uma avaliação da Human Rights Watch, em que se revela que a onda de violência e de intimidação, promovida pelo governo do presidente Robert Mugabe, afasta qualquer hipótese das próximas eleições virem a decorrer de forma livre e justa.
Saliente-se que, na votação do próximo dia 27 de Junho, vai estar em sufrágio a candidatura de Robert Mugabe, que concorre à sua própria sucessão e a do líder da oposição, Morgan Tsangirai, por sinal o vencedor na primeira ronda eleitoral.
Numa conferência de imprensa realizada aqui na capital, Washington, o porta voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, disse que os Estados Unidos respeitam a decisão da oposição zimbabweana de concorrer à segunda volta eleitoral, pelo que decidiu apoiar financeiramente a monitorização do conturbado processo eleitoral.
Disse McCormack: “Vamos contribuir com sete milhões para os esforços de observação eleitoral, não apenas para garantir que sejam observadores a altura, em número suficiente de países que vão contribuir com observadores e que tenham recursos para levar a cabo o tarefa no terreno, isto se as eleições tiverem lugar, como acreditamos que terão”.
Um projecto de declaração da cimeira Europa- América, que hoje tem início na Eslovénia, vai à partida apelar ao secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, para o envio de uma equipa de observadores ao Zimbabwe para avaliar a situação dos direitos humanos e desencorajar mais casos de violência e de abusos.
No projecto colocado à disposição das agências de notícias internacionais, o presidente George Bush e os seus aliados europeus exortam o governo de Robert Mugabe a cessar, imediatamente, a onda de violência patrocinada pelo Estado contra apoiantes da oposição e que já se arrasta desde as eleições gerais de 29 de Março último.
Face ao cenário impróprio para a realização de eleições livres, transparentes e justas, a organização Human Rights Watch instou, por seu lado, a União Africana e os países membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, a SADC, a enviarem observadores ao Zimbabwe e a insistirem com Harare de que os crimes politicamente motivados durante a campanha eleitoral serão tidos em conta pelos países da região.