Representantes de países membros das Nações Unidas reúnem-se hoje na capital italiana, Roma, numa cimeira internacional em que vai estar em análise vai estar a crise alimentar mundial, que tem estado na origem de manifestações de protesto um pouco por todo o planeta, devido particularmente ao crescente aumento do preço dos alimentos.
Sessenta chefes de Estado e de governo, preocupados com a urgência em se encontrar respostas adequadas ao imparável aumento do preço dos alimentos no mundo, fazem-se representar na cimeira, da FAO, em Roma.
Mas, tudo leva a crer os debates poderão a partida vir a ser ensombrados, pela presença dos presidentes do Zimbabwe e do Irão, respectivamente Robert Mugabe e Mahmoud Ahamdinejad, líderes conhecidos pela sua azeda e tensa relação com o mundo ocidental.
Apesar da interdição decretada pela União Europeia as viagens e deslocações do líder zimbabweano pela Europa, o facto da cimeira de Roma ser uma iniciativa sob a égide da ONU, neutraliza consequentemente a medida.
No caso do líder iraniano, esta a será igualmente a primeira deslocação de Ahmadinejad, a Europa Ocidental.
Entretanto, os líderes ocidentais condenaram a presença do presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, em Roma, para tomar parte na cimeira sobre a segurança alimentar mundial, patrocinada pelas Nações Unidas.
O presidente americano George W Bush tornou público uma declaração na qual alega que, enquanto Mugabe profere declarações políticas em Roma, povo zimbabweano faz face a uma crise alimentar sem precedentes na sua história.
Por seu lado, o secretário britânico para o desenvolvimento internacional, Douglas Alexander manifestou-se decepcionado com a presença de Robert Mugabe em Roma e prometeu recusar cumprimentar o líder zimbabweano.
O ministro dos negócios estrangeiros australiano, Stephen Smith, considerou de obscena a presença do líder zimbabweano na cimeira, que acusou de estar a matar o seu povo de fome.
Entretanto, o Secretário da Agricultura dos Estados Unidos, Ed Shafer, que preside à delegação americana à cimeira, descartou, para já, qualquer possibilidade de um eventual encontro entre a sua delegação e o presidente Robert Mugabe.
Disse Shafer: “Não me vou encontrar com o presidente. Nós saudamos a discussão, a ideia de se vir a alcançar algumas conclusões, sobre a melhor forma de se lidar com o aumento do preço dos alimentos, a nível mundial. Portanto, vou concentrar-me nos debates, como mencionei e não está nos nossos planos qualquer encontro com o presidente Robert Mugabe”.
Enquanto isso, os grupos activistas dos Direitos Humanos pretendem acentuar a sua presença na cimeira através de várias iniciativas.
Os activistas têm planos de estender um dístico de cerca de 200 metros, defronte ao edifício do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, em Roma, com uma mensagem, relembrando aos presentes de que 854 milhões de pessoas em todo o mundo fazem de momento face a uma situação de insegurança alimentar, um número com tendência para aumentar, se medidas urgentes para solucionar a crise alimentar mundial não forem adoptadas.
A administradora da Agência Americana para o Desenvolvimento, a USAID, Henrietta Fore, reconhece, por seu lado, entre outras utilidades desta cimeira, o facto dela congregar líderes mundiais e doadores internacionais em prol de acções coordenadas para se fazer face ao problema.
Disse Fore: “Nós gostaríamos que as conversações fossem centradas nas soluções a médio e longo prazo, isto porque o desafio que hoje fazemos face vai durar anos e tem uma natureza multi-dimensional, nomeadamente na educação, sanidade, água potável, agricultura, finanças, formas através das quais poderemos encorajar a investigação no sector da agricultura, como parte de uma solução combinada”.
Esta responsável americana, realça ainda que os Estados Unidos acreditam que resultados palpáveis serão tangíveis, se a abordagem da problemática começar por ser centralizada na África Ocidental, onde países celeiro da região necessitam de estímulos e posteriormente nas potencialidades da África Oriental e Austral.
Disse Fora, a propósito: “Nos Estados Unidos estamos concentrados na duplicação da produção. O presidente Bush tem uma enérgica iniciativa, orçada em cinco mil milhões de dólares para os próximos dois anos. Através dela, queremos ver a produção duplicar e vamos começar precisamente pela África. Pensamos que isso será uma grande ajuda a solução do problema”.
Para Henrietta Fore, quanto mais as pessoas necessitarem de alimentos, mais e melhor os mercados e os sistemas de transporte irão funcionar e de mais estímulos à produção, serão alvo os agricultores.