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Igreja Anglicana Contra Violência no Zimbabwe


Por meio de um comunicado oficial, o Arcebispo da Cantuária, líder da Igreja Anglicana, apelou às Nações Unidas para que ajudem a pôr fim à onda de violência que atinge o Zimbabwe e a própria Instituição.

O apelo, dirigido ao Secretário Geral da ONU, Ban Ki Moon, partiu do Palácio Lambeth, residência oficial do Arcebispo Rowan Williams. O documento é uma iniciativa do chefe da Igreja Anglicana e do Arcebispo da Cidade do Cabo.

O apelo à ONU descreve os incidentes do passado dia 18, um domingo, quando os serviços religiosos foram interrompidos e os fiéis foram espancados e proibidos de frequentar as igrejas da diocese de Harare.

O porta-voz do Palácio Lambeth, David Peck, explicou que os membros da Igreja Anglicana se transformaram num alvo do Governo do presidente Robert Mugabe. Isto por causa do afastamento do ex-Bispo de Harare.

«O bispo anterior era um apoiante de longa data do presidente Mugabe e da Zanu-PF. Ele foi deposto e excomungado. Esta combinação de factores parece ter gerado um sentimento de vingança. Agora, quem não é totalmente aliado de Mugabe e do seu Governo é visto como um inimigo do Estado», explicou Peck.

O ex Bispo Nolbert Kunonga resistiu ao afastamento e rejeitou o nome indicado para sucedê-lo na Catedral Anglicana de Harare, o Bispo Sebastian Bakare. Ele negou-se igualmente a entregar os bens pertencentes à Instituição.

David Peck disse ainda que a Igreja teve autorização do tribunal para obrigá-lo a afastar-se do posto e entregar as propriedades. Os pedidos foram totalmente ignorados com o apoio das autoridades.

Kunonga acusou o Bispo Bakare de apoiar o Movimento Democrático Laranja, força de oposição, e de trabalhar com o governo inglês em prol de uma mudança de regime no Zimbabué. O bispo nega tais acusações.

Um informativo da igreja, o Church Times, publicou na quinta-feira, 29, uma reportagem onde denunciava que todas as igrejas anglicanas de Harare foram fechadas a todos os fieis. Excepção apenas para os que apoiam o excomungado bispo Kunonga.

A declaração emitida esta sexta-feira pelo Palácio Lambeth vai mais longe. Condena a violência pós-eleitoral protagonizada por apoiantes do presidente Mugabe e que já vitimou vários activistas da oposição.

O porta-voz da igreja anglicana, David Peck, afirmou que as Nações Unidas e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral precisam agir. «É uma situação de urgência por que nós caminhamos para uma segunda volta das presidenciais. É preciso que tenhamos algo além desta violência política maciça, de intimidação que atinge o país inteiro».

O comunicado divulgado hoje, assinado pelo Arcebispo Rowan Williams, é o ultimo apelo dos líderes da igreja anglicana à comunidade internacional para que tenham uma actuação mais incisiva em relação ao Zimbabwe.

No ano passado, perante as câmaras de televisão da BBC, o Arcebispo de York, John Sentamu, tirou o cabeção (colarinho branco) e disse que só voltaria a usá-lo quando o presidente Mugabe deixasse o governo. No mês passado, por meio de um comunicado conjunto com o Arcebispo William, Sentamu apelou aos países vizinhos ao Zimbabwe para que agissem em nome de um ponto final na espiral de violência.

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