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Paulo Jorge : Já Não Nos Tomam Como Comunistas, Mas ...


Na sua primeira visita a Washington em cerca de 20 anos, Paulo Teixeira Jorge, secretário do MPLA para as Relações Exteriores disse que a América já ultrapassou o preconceito que a levava a tomar Angola como um regime comunista.

Porém, se o passado é passado, o presente, segundo ele, revela uma América algo deslocada quando colocada perante a concorrência representada pela China.

Orador principal num debate promovido pelo Departamento de Estado dedicado à relação entre China e África. Paulo Teixeira Jorge disse que os Estados Unidos eventualmente precisam olhar para o ênfase que põem nas suas relações com África.

<Quantos presidentes dos Estados Unidos visitaram África? Quantos? Quantos secretários de estado visitaram África? Quantos? Esta é que é a questão! Não foi por acaso também que houve a cimeira entre a União Europeia e a África. África é um continente com muitos recursos naturais os quais devem ser valorizá-los em benefício dos povos africanos. O relacionamento com a China é feito nesta base, e não apenas porque ali há petróleo e vou investir para ganhar>.

Segundo Paulo Jorge, se mais alguma coisa distancia Washington de África, comparativamente com Beijing, é o facto de que quando sentados à mesa com os africanos, os chineses adoptarem posições eventualmente menos introsivas.

<Os chineses quando vêem estabelecer contactos normalmente fazem propostas de cooperação e de interesse mútuo>.

Paulo Jorge diz que a única coisa que mudou na posição dos Estados Unidos em relação à África e a China é a preocupação com que assistem ao aumento da cooperação entre as duas partes e na não na sua atitude.

< Parece haver uma preocupação da parte dos EUA em relação ao crescimento das relações que a China tem vindo a desenvolver com os países africanos. Esta é que é a realidade. E este crescimento depende do tipo de comportamento que a China tem para com os países africanos que é diferente daquele que Estados Unidos têm.>

Ministro das Relações Exteriores entre 1976 e 1984, Paulo Jorge diz ter sentido que já vai longe o tempo em que o MPLA era tido como um regime comunista. Neste aspecto, diz ele, a América mudou, e o MPLA também.

<Não há dúvida nenhuma, que com a evolução do tempo, e, sobretudo a partir de 1993 este complexo desapareceu. Já não existe esta questão de nos associarem ao comunismo desapareceu. Com o estabelecimento do sistema multipartidário e com a adopção da economia de mercado esta questão foi ultrapassada. Eles foram vendo também que o MPLA foi evoluindo e que a presença de Angola no mundo foi crescendo. Chegaram à conclusão que Angola era um país a tomar em consideração>.

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