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Zimbabwe: Fazendeiros Brancos Continuam a Ser Pressionados


Mais de metade do que resta dos fazendeiros brancos zimbabweanos operacionais sentem cada vez mais pressões para que abandonem as suas casas e fazendas. O caso numa das fazendas visadas chocou a Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra Animais.

O caso passou-se na fazenda Friedawall, perto de Chinhoyi, 100 quilómetros da Norte de Harare e foi cenário de uma intensa crueldade contra os animais existentes na propriedade -- segundo os vizinhos e trabalhadores que, entretanto, de lá fugiram.

A fazenda é uma das mais de 70 protegidas por uma ordem provisória emanada do Tribunal Comunitário de Desenvolvimento da África Austral, com sede na Namíbia. Este é o tribunal dos cidadãos dos Estados membros, aceite pelo Zimbabwe. Apesar daquela ordem, os trabalhadores de Edwin Mashiringwani, vice-governador da reserva do Zimbabwe, ocuparam a propriedade.

Louis Fick, dono dos animais, diz que os trabalhadores foram afastados e que os empregados de Mashiringwani se recusam alimentar os mais de quatro mil porcos, 15 mil crocodilos e várias centenas vacas. Fick apelou à Sociedade Nacional do Zimbabwe para a Prevenção da Crueldade contra Animais -- cujos funcionários não receberam permissão para se deslocarem à fazenda e inspeccionar o que ali se está a passar. No Zimbabwe, a crueldade contra animais é considerada um crime.

A polícia em Chinhoyi não presta qualquer assistência -- segundo a sociedade. Foram infrutíferas todas as tentativas para obter comentários do comissário policial, Augustine Chihuri ou de Mashiringwani.

Gideon Gono, chefe executivo do Banco Central do Zimbabwe, ele próprio um fazendeiro comercial, tem criticado os que continuam a invadir fazendas de brancos que são produtivas. Todavia, a VOA não conseguiu obter um comentário dele a propósito da situação.

Pouco antes das eleições do passado dia 29 de Março, o tribunal da SADC recebeu um pedido para que emanasse uma medida de alívio temporária, para 74 agricultores brancos. Representantes do gabinete da Procuradoria-Geral do Zimbabwe aceitaram obedecer à ordem interina -- segundo se lê nos documentos do tribunal.

O caso vai agora a julgamento no próximo mês, sendo o primeiro a ser ouvido por este tribunal, criado no final do ano passado.

A economia zimbabueiana é extremamente dependente das exportações produzidas pelos fazendeiros comerciais. A economia entrou em derrocada com a expulsão de um número crescente de agricultores brancos das suas propriedades.

Muitos dos novos donos dessas propriedades não possuem experiência agrícola e as Nações Unidas estimam que menos de 10 por cento da terra ocupada é agora produtiva.

O presidente Robert Mugabe afirma que a reforma agrária que encetou se destina a dar terra aos camponeses dela privados, durante o período colonial.

O líder da oposição, Morgan Tsvangirai, disse que não iria expulsar pessoas das terras que lhes foram dadas, mas que insistiria na observação da regra de um homem uma quinta, e que a terra teria que ter uso produtivo.

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