O Papa Bento XVI chega hoje, ao fim do dia, aos EUA para uma visita de seis dias, naquela que será a sua primeira deslocação a este país desde que foi eleito para chefe da Igreja católica, há quase três anos.
O presidente Bush e a Primeira Dama, Laura Bush, irão receber o Papa Bento à sua chegada à base aérea de Andrews, nos arredores de Washington. A cerimónia oficial de boas vindas, essa terá lugar, na quarta-feira, na Casa Branca, seguida por um encontro privado entre o Sumo Pontífice e o presidente americano.
Durante a sua visita de seis dias, o Papa Bento irá celebrar várias missas ao ar livre em Washington, a capital, e em Nova Iorque. Irá falar perante os líderes das universidades católicas americanas, irá manter encontros com representantes de outras confissões religiosas e irá rezar quando se deslocar à “zona de grau zero” em Nova Iorque, o local onde se encontravam as torres do World Trade Center e que foram destruídas na sequência dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001.
Para muitos analistas, como é o caso do padre Thomas Reese, da Universidade de Georgetown, o ponto mais alto da visita do Papa será o discurso que este irá proferir, na sexta-feira, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque: “A sua mensagem será a de que as relações internacionais não deverão ser governadas pelo poder e pelo dinheiro – poder militar e dinheiro - mas que deveriam ser guiadas pelos princípios éticos e pelos valores morais. O Papa irá falar da importância de trabalhar em prol da justiça e da paz. Penso que ele irá repetir o que o Papa João Paulo II disse e que é que não poderá haver paz sem justiça e não haverá justiça sem reconciliação. É isto que o mundo necessita ao nível internacional: paz, justiça e reconciliação e vai ser essa a tónica da sua mensagem.”
Muitos peritos afirmam que a visita irá dar ao público americano, incluindo aos 67 milhões de católicos, uma oportunidade para conhecerem o Pontífice. John Allen escreveu uma biografia do Papa Bento XVI: “Este Papa não tem atraído o mesmo nível de atenção por parte dos media que o Papa João Paulo II tinha. O que significa, para quem não seja um conhecedor do mundo católico, não conhecerá muito sobre este Papa, pelo menos aqui nos EUA. Nesse sentido, ele vem aos EUA apresentar-se ao povo americano.”
Antes de ter sido eleito Papa e de ter assumido o nome de Bento XVI, o cardeal Joseph Ratzinger foi, durante quase 25 anos, responsável por preservar a ortodoxia da fé católica. E era visto como um elemento da linha dura, enquanto principal responsável pelo cumprimento da doutrina da Igreja.
Mas, o presidente da Universidade de Assumption, no Estado do Massachussetts, Francesco Cesareo, esteve com o Papa e disse que os seus modos, em privado, são bastante diferentes do que os media retratam: “ E, primeiro lugar ele é uma pessoa muito humilde. Para alguém que tem uma grande capacidade intelectual, alguém que teve treino teológico e que desempenhou cargos importantes, quando o vemos pessoalmente ele é muito, muito humilde. Mas, é também muito caloroso e amistoso em termos pessoais. É o lado que, infelizmente, que não tem sido divulgado. “
Durante a sua visita aos EUA, o Papa Bento XVI deverá também abordar questões controversas que dizem respeito à Igreja Católica. Nomeadamente, o aborto, a contracepção e a falta de vocações para o sacerdócio, uma falta que os peritos consideram crítica.
O padre Thomas Reese, da Universidade de Georgetown, afirma que o Papa poderá falar também dos enormes escândalos que rebentaram há vários anos, envolvendo o abuso sexual de crianças por parte de padres católicos. Disse ele:
“Enquanto cardeal, ele estava encarregado do gabinete que processou os padres e que os afastou da Igreja, que os afastou do ministério devido aos abusos sexuais cometidos. Ele viu os processos. Ele sabe como foi terrível para as crianças que foram molestadas e o desastroso que isso foi para a Igreja Católica. Eu penso que ele irá encorajar e elogiar os bispos pelo que fizeram para tornar as Igreja em locais mais seguros”.
Durante a sua visita aos EUA, o Papa Bento XVI vai assinalar duas datas pessoalmente importantes. No dia 16, quarta-feira, vai fazer 81 anos de idade e, no sábado, assinalará o terceiro aniversário do seu pontificado.