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Zimbabwe: A Alternativa Simba Makoni


A decisão do antigo ministro das Finanças do Zimbabwe, Simba Makoni, de concorrer contra o presidente Robert Mugabe nas eleições presidenciais do próximo sábado gerou um interesse tremendo no país. Embora muitos analistas ainda sintam que o acto eleitoral não será livre e honesto, vêem também Makoni como a única alternativa futura realista de Mugabe. O presidente, de 84 anos de idade, tem governado o Zimbabwe desde 1980 e presidido a um colapso económico que levou a uma enorme falta de alimentos, desemprego em massa e o nível mais alto de inflação do mundo. No dia 27 de Marco, os zimbabweanos devem decidir entre Makoni, Mugabe e o líder da oposição Morgan Tsvangirai.

Simba Makoni é subitamente visto como o homem que pode salvar o Zimbabwe. Makoni, de 57 anos, doutorado em Química, antigo membro do poderoso “Politburo” do partido governamental ZANU-PF é agora um candidato presidencial da oposição. Antes de ter sido expulso do partido e apelidado de “prostituto” e “traidor” por ser ousado para com o presidente Mugabe, era visto como um moderado na ZANU-PF. Diz Makoni: “Oferecemos ao povo do Zimbabwe o re-engajamento, reconciliação e a cicatrização nacionais. Oferecemos ao povo do Zimbabwe a oportunidade de pôr o país novamente a trabalhar.”

Briggs Bomba, um antigo estudante activista no Zimbabwe, disse não estar surpreendido com a candidatura de Makoni contra o presidente Mugabe: “Mesmo entre as pessoas afectas a ZANU-PF os seus negócios e a vida não estão a ir bem. Por isso, penso que esta oposição a Mugabe é o seu desejo de marcar uma nova era e genuína, e claro que uma parte muito significativa da população esta totalmente com Makoni e comprou a sua mensagem de unidade, re-engajamento e reconciliação nacionais e seguir em frente.”

Um perito afirmou que Makoni, como um antigo ministro das Finanças, tem capacidade para aliviar a terrível crise económica do Zimbabwe. Sydney Masamvu trabalha para o Grupo de Crises Internacionais. Diz ele: “Makoni representa o melhor que resta da ZANU-PF, no que diz respeito a reformar o país e conduzi-lo à recuperação política e económica. Mostra, de uma forma clara, que a ZANU-PF, ou o Zimbabwe no seu todo, não tem falta de líderes, mas de espaço político necessário para expressarem os seus pontos de vista numa atmosfera em que possam desafiar livremente os cargos públicos.”

Michelle Gavin, do Conselho para as Relações Externas dos Estados Unidos, afirma haver uma “atmosfera de compromisso” sobre uma figura da ZANU-PF como Makoni liderando uma transformação no Zimbabue: “Ele um dos poucos na ZANU-PF que ainda tem uma grande quantidade de credibilidade internacional. Falou contra algumas das mais desastrosas políticas económicas e é visto como um líder competente, tecnocrata e muito capaz.”

Mas, há duvidas se Makoni será um verdadeiro reformador. Masamvu diz que algumas pessoas no Zimbabwe suspeitam dele, receando que Mugabe esta a usá-lo para dividir a oposição. Makoni também nunca condenou algumas das mais brutais acções do governo. Mas, Masamvu pensa que as criticas a Makoni são “demasiado duras”.

Alguns analistas acham que Makoni tem o apoio dos intelectuais no Zimbabue, mas isso não e suficiente para ele ganhar as eleições, mesmo que sejam livres e honestas.

Nesse sentido, Blessing Zulu, jornalista do Serviço Zimbabweano da Voz da América, está convencido de que a rejeição de Makoni a uma coligação o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, foi uma ma decisão.

Apesar das dúvidas sobre Makoni, até os seus opositores admiram a sua coragem. Em várias ocasiões durante a campanha eleitoral, Makoni responsabilizou a actual situação no Zimbabwe a uma “má liderança” – um insulto directo ao presidente Mugabe.

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