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Sobreviver até aos Cinco


A organização de caridade americana Save The Children está a dar início a uma campanha destinada a diminuir de forma espectacular o número de crianças que morrem antes de terem cinco anos de idade. A campanha irá ser centrada em sete países, quatro em África e três no Sul da Ásia.

O programa intitula-se Sobreviver até aos Cinco. A ideia é simples: apesar dos grandes progressos conseguidos em evitar a mortalidade infantil nos anos 90, dez milhões de crianças morrem, todos os anos, antes de completar os cinco anos de idade. Em cada cinco pessoas que morrem no mundo, todos os anos, uma é uma criança com menos de cinco anos. E algo tem que ser feito para mudar esta situação.

Perante estatísticas deste género, os funcionários da organização Save the Children USA, propõem-se estabelecer uma estratégia que envolva o aumento do acesso dos médicos e enfermeiros, que convença os governos, os doadores em geral e os países desenvolvidos a darem uma maior prioridade ao investimento nos cuidados materno-infantis e que mobilizem os cidadãos a falar defendendo os direitos das crianças.

O presidente da organização Save the Children USA, Charlie MacCormack, disse numa conferência de imprensa realizada em Adis Abeba, na Etiópia, que a sua organização definiu uma estratégia dupla. Por um lado, focar os seus esforços nos sete países onde a mortalidade infantil é mais elevada. Por outro, persuadir cerca de uma dúzia dos países mais ricos a duplicar, a triplicar e, nalguns casos, a quadruplicar a sua ajuda financeira aos cuidados materno-infantis.

Diz MacCormack: “A chave do lado dos doadores está nos G-8, no Japão, mais os escandinavos que necessitam de aumentar em sete mil milhões de dólares em relação ao que os países ricos estão a dar. Depois, temos necessidade de cooperar com os povos e os governos do Bangladesh, Índia, Paquistão, Sudão, Etiópia, Nigéria e República Democrática do Congo, onde ocorre quase dois terços dos casos mortais de crianças com menos de cinco anos de idade”.

MacCormack afirma ainda que a solução não é difícil, uma vez que existem já todos os meios para salvar as vidas de milhões de crianças: “Não estamos a investir em nenhuma ciência nova, em novas tecnologias, não precisamos de novas vacinas. Tudo do que precisamos já existe e a preços módicos. E os governos do Bangladesh, da Índia, do Paquistão, da Etiópia e da Nigéria podem assumir a liderança, mas os doadores têm que ajudar”.

No que diz respeito a sensibilizar a consciência do público, a famosa actriz e vencedora de dois óscares, Jessica Lange, deslocou-se a Adis Abeba para lançar a campanha Sobreviver Até aos Cinco. Lange disse que o seu interesse na campanha decorre do facto de ser mãe de três filhos. Disse ela: “O que eu gostaria era que cada mãe e cada pai pudessem ter a alegria de ver os seus filhos crescer. Sei, acompanhando o trabalho desenvolvido pela Save the Children USA, que essa não é a realidade para milhões de pais um pouco por todo o mundo. Apenas hoje, mil crianças com menos de cinco ano de idade irão morrer aqui na Etiópia. Irão morrer de doenças evitáveis e nenhuma mãe ou pai, onde quer que vivam, têm que carregar com a mágoa de perder um filho ou filha em resultado de uma morte que poderia ter sido evitada”.

A Save The Chilfren USA calcula que, dos dez milhões de crianças com menos de cinco anos de idade que morrem, anualmente, 376 mil morrem na Etiópia. Desses, 120 mil morrem à nascença.

Os EUA, através da sua Agência para o Desenvolvimento Internacional,USIAD, é o maior doador bilateral para a maior parte dos países com a mais elevada taxa de mortalidade infantil.

Ao todo, a USAID contribuiu, este ano, com mais de 500 milhões de dólares de ajuda à Etiópia.

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