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Zimbabwe: Três Candidatos Presidenciais


No Zimbabwe, os três candidatos presidenciais deram já inicio as respectivas campanhas para o sufrágio marcado para finais deste mês.

Existem, todavia indícios de que este sufrágio – mau grado alguma melhoria no clima político – não será visto como sendo livre e honesto pelas nações ocidentais.

O Zimbabwe está agora mais calmo do que antes do ultimo sufrágio presidencial de 2002. Na altura o fundador do Movimento Para a Mudança Democrática (MDC), Morgan Tsvangirai e a sua equipa estavam sob constante ataque físico tanto por parte dos apoiantes de Mugabe, como da policia e do exercito.

O governo rejeitou na altura alegações de violência e intimidação, responsabilizando os apoiantes da oposição de provocarem a violência ou de desafiarem a lei realizando encontros ilegais.

Desta vez existem dois concorrentes do presidente Mugabe, que procura um novo mandato de cinco anos, que o pode colocar na chefia do estado durante 33 anos.

Para alem de Tsvangirai, Mugabe defronta Simba Makoni, um elemento superior da ZANU-PF e antigo ministro das finanças.

A mudança no clima político fica a dever-se parcialmente ao dialogo promovido pela Afica do Sul, entre a ZANU-PF e o MDC que introduziu algumas melhorias na legislação eleitoral. Todavia, alguns analistas adiantam que o governo se limita a respeitar apenas algumas das alterações.

O analista político Brian Raftopoulos, observou a totalidade dos sufrágios no Zimbabwe desde o aparecimento do Movimento para a Mudança Democrática nos finais de 1999.

Segundo ele não existe presentemente no Zimbabwe um clima conducente a eleições livres e honestas.

‘Apesar de poder existir um minorar das tensões em certas áreas, no geral penso que as condições ainda são muito, muito difíceis. Não penso serem as condições para um sufrágio livre e honesto.’

Ambas as facções do Movimento para a Mudança Democrática que se dividiu em 2005, sustentam que uns poucos candidatos e apoiantes foram detidos desde o inicio da campanha e algumas reuniões políticas foram proibidas pela policia. Todavia, a policia tem autorizado a maioria dos comícios políticos e tem mantido uma postura menos ostensiva do que o habitual.

Os cidadãos zimabuanos podem agora trabalhar como jornalistas sem terem de solicitar autorização. Brian Hungwe, um jornalista do Zimbabwe, que solicitou acreditação foi informado pela Comissão dos Media e a Informação, que não tem mandato legal, que se encontra proibido de trabalhar como jornalista.

Para alem disso, o projecto de Fiscalização dos Media sustenta que tanto os meios impressos e electrónicos no Zimbabwe são quase integralmente a favor da ZANU-PF.

A Comissão Eleitoral do Zimbabwe não cumpriu a data para publicar oficialmente os nomes e as moradas das entidades eleitorais.

Antes de o parlamento ter sido dissolvido, em antecipação das eleições, foi feita a aprovação, sem debate, de 210 novos distritos eleitorais aprovados pela maioria do partido no poder.

Existe muita pouca educação do eleitor, numa altura em que pela primeira vez vão decorrer simultaneamente quatro sufrágios nacionais.

O clima político difícil é ainda exacerbado pelas criticas mutuas no seio da oposição. As conversações destinadas a reunir o MDC falharam no mês passado.

O analista Raftopoulos considera que a divisão tem provocado tensão no seio da oposição – tanto entre as duas facções do partido e mesmo entre os grupos de direitos cívicos.

‘Alguns dos dirigentes cívicos envolveram-se na divisão do MDC em 2005 e as subsequentes recriminações. Tem a noção de terem tido responsabilidade na divisão e em algumas das polemicas mais azedas.

Raftopoulos destaca que alguns elementos no MDC e dos grupos cívicos tem utilizado as técnicas do partido no poder no que diz respeito a resolver desacordos.

‘Até mesmo as políticas da oposição e dos grupos cívicos tem laborado no género da cultura política e o estilo autoritário da ZANU-PF. Tem mesmo sido introduzidas nas praticas tanto da oposição como dos grupos cívicos quanto a forma como resolvem no seu seio as diferenças e as dissidências.’

Existe a preocupação no Zimbabwe de que uma vitoria de um dos candidatos possa levar a repressão pelo estado e ao conflito.

Raftopoulos frisa que as tensões serão maiores se Morgan Tsvaingirai vencer do que se o vencedor for Simba Makoni.

Se Tsvangirai vencer, refere o analista, isso representará uma vitoria extraordinária já que Mugabe e os seus colegas têm exercido nos últimos oito anos, uma campanha persistente e por vezes violenta.

‘Penso que Mugabe tem a percepção de que acima de tudo ninguém - a não ser ele - pode mandar no Zimbabwe, e que Tsvangirai nunca será autorizado a governar.’

No caso de Mugabe vencer o sufrágio presidencial, Raftopoulos está convencido que a crise política e económica vai continuar a deteriorar-se.

‘Será um sufrágio que certamente não será reconhecido, para alem os clássicos actores da região e do continente, que tem reconhecido os sufrágios mais reprimidos e mais fraudulentos. Por certo não será reconhecido pelo Ocidente.’

Raftopoulos acrescenta que no caso de Simba Makoni sair vencedor do sufrágio presidencial, a vitoria irá legitimar a ZANU-PF como sendo um partido reformado, abrindo o espaço político.

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