O chefe do novo comando regional americano para África disse, ontem, que aquela iniciativa está ainda em fase embrionária. Um dos maiores desafios que se colocam ao AFRICOM é onde instalar o seu quartel general. Até agora, vários países africanos manifestaram reservas quanto a receberem no continente o AFRICOM, afirmando que isso poderá assinalar a expansão da influência americana. Tendai Maphosa participou numa conferência em Londres, onde o general William Ward falou sobre o AFRICOM.
O general americano William Ward disse que qualquer preocupação sobre o novo comando militar americano para África não tem razão de ser. Aquele oficial general explica que o AFRICOM é apenas a consolidação de três comandos regionais: “Na anterior situação, o Departamento da Defesa dividiu o continente em três comando separados: o Comando Europeu, o Comando do Pacífico e o Comando Central e cada comando tinha uma diferente parte do continente e as suas ilhas na sua área de responsabilidade”.
Mas, os ataques terroristas do 11 de Setembro fizeram com que os militares americanos chegassem à conclusão acerca da necessidade de centraram mais atenção em África.Osama Bin Laden, o chefe da Al Qaida, que organizou os ataques, viveu no Sudão durante vários anos, na década de 90, onde alegadamente conspirou para atacar interesses dos EUA no estrangeiro.
O general Ward disse que a segurança no continente africano é a principal componente do AFRICOM. E acrescentou que aquele comando, criado em Outubro último, vai cooperar com representantes do Departamento de Estado e com a USAID num esforço coordenado para melhorar a governação e o desenvolvimento económico no continente.
Mas, a componente militar do AFRICOM parece cosntituir um problema para os africanos. A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, a SADC, disse que não irá receber com agrado as tropas americanas em qualquer um dos países membros.
Ward disse: “África não está contra o comando, o que nós estamos a fazer é a envolver África explicando a natureza deste comando e os seus programas, que são programa que foram pedidos por entidades soberanas do continente africano e programas que visam manter-se a par com os objectivos da política externa americana.”
Ebenezer Asiedu, do Kings College, de Londres, também participou na conferência e disse à VOA que o problema em relação ao AFRICOM é que foi concebido pelo governo americano e depois apresentado aos governos africanos à porta fechada: “Os debates e as consultas foram travadas com os governos africanos e não com a população africana. Infelizmente o teor dessas conversações não foi tornado público.”
De acordo com Asiedu, o objectivo do AFRICOM é beneficiar o cidadão comum africano, por essa razão deveria ser parte do debate no que toca a presença no continente.
Até agora, a presidente liberiana, Ellen Johanson-Sileaf, foi o único líder africano a oferecer-se publicamente para receber a sede do AFRICOM no seu território.
Francis David, da Universidade de Bradford, disse que os outros líderes da África Ocidental têm reservas acerca do AFRICOM: “A maioria dos Estados africanos estão preocupados com s intenções do AFRICOM. De facto, este tem vindo a ser caracterizado como o Cavalo de Tróia porque os interesses estratégicos dos EUA não foram tornados claros no seu relacionamento com África”.
Nos últimos meses, os EUA têm vindo a manter uma série de consultas com países africanos acerca do AFRICOM, mas o general Ward afirma que não foi pedido a nenhum governo para receber em seu território a sede do novo comando. ENDS